quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Calvin, Haroldo e o Lucca

Lá estava eu, navegando pela web, quando me deparei com um blog no mínimo interessante.
Trata-se do Topismos.
Isso mesmo: Topismos (http://topismos.blogspot.com/)
O autor é um aficcionado em TOP´s. E o último Top 10 postado foi sobre Calvin & Haroldo.
Caso você more em Marte e não conheça, Calvin é um garoto de 6 anos, com uma imaginação vívida, acompanhado por um tigre de pelúcia que, quando sozinho com ele, se faz vivo e perspicaz.
Bem... eu sou absolutamente maluca por esses dois personagens. Tanto é que, muito antes de engravidar, eu dizia que queria ter um filho igual ao Calvin.
Às vezes acho que meu pedido foi atendido... É que o Lucca tem umas tiradas tão engraçadas que comparações são inevitáveis.
A última foi que agora ele tem alergia a banho... tudo para não ir para o chuveiro!!! E é claro que, uma vez molhado e ensaboado, preciso pedir que saia do banho umas 30 vezes até que que ele me obedeça.
Teve também o dia em que ele achou que não precisava mais ir pra escola porque já tinha passado de ano. "Pra que ir, mãe? Minhas notas estão muito boas!".
Sem contar as fantasias.
A onda agora é Star Wars - ora tenho o Darth Vader na sala, ora recebo o Luke Skywalker para jantar e tem também o C3PO no banho, os StormTroopers impedindo a confeção das tarefas de casa e por aí vai. E eu sou sempre a princesa Padmé porque ele acha a mais bonita.
Como uma criança de 8 anos, ele cria as mais diversas situações e, claro, deixa a sala, o quarto, a cozinha, o banheiro, sempre uma bagunça.
E sabe de uma coisa?
Eu A D O R O!!!
E tem mais: confesso aqui que nasci pra ser mãe.
Ô dadiva maravilhosa!!!
Bem, e pra não fugir do tema, segue o Top 10 do Calvin & Haroldo com lições para toda a vida:
10) Não existem limites se você quer ser escritor

9) Se acordar é inevitável, tente aproveitar ao máximo seu tempo na cama

8) Praticidade é tudo


7) É sempre importante falar a verdade em família


6) Existem fronteiras para aprender matemática


5) Você nunca sabe o que vai te levar ao limite

4) Sempre finja interesse nos outros

3) Se a vida te dá limões, fantasie-se de cebola


2) Quando tudo der errado, use sua imaginação


1) Não há nada de errado em ser um pouco crítico







terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sobre erros, perdão e saudade.

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que isso não é uma carta de amor, muito menos um tratado sobre o perdão.

Não estou, por estas linhas, pedindo perdão.E também não sou a dona da razão, por isso, a sinceridade que virá terá tanta intensidade quanto eu achar necessário. Aliás, preferi escrever porque corria o risco de você não me escutar. E escrevendo sou melhor, mais forte.

Há mais de um ano nos declaramos mortos - um para o outro - e fingimos enterrar tudo o que sentíamos.Sobraram acusações, raiva, um sentimento de traição, deslealdade total.

Ficou a mágoa. Presente nesses quase 14 meses de silêncio sob o mesmo teto, ela foi a testemunha de muitas situações. Pelo menos de minha parte, já que de você não posso falar, não sei.

Todas as vezes que eu chegava ou saia e você estava lá, todas as minhas conquistas e as suas também foram em silêncio.

Faltou algo.

Mas você foi enterrado naquele dia tão triste - ficou presa em minhas memórias sua expressão de raiva (diante de seu próprio erro e da minha indignação).

Volto a falar de mim: aquilo foi mais forte do que um soco na boca do estômago. Foi a negação de tudo o você havia me ensinado a vida toda. Tudo o que eu sabia de vida tinha sido por suas mãos. Tudo o que eu queria ser - até aquele momento - era exatamente como você.

Dalí por diante eu não sabia mais nada.Tive que decidir sozinha alguns rumos, tive que dividir sozinha algumas conquistas.Você estava enterrado vivo - andando, falando, almoçando na mesma mesa aos domingos e durantes os jantares.

Passei a evitar esses encontros, assim como passei a evitar seu olhar.

A mágoa ainda me corta.Foi como descobrir que o meu super-herói era, na verdade, um personagem falso. Dalí em diante ninguém mais me salvaria e meu mundo estaria em perigo constante.

Mas, sabe, não foi bem assim. Tenho "pernas" e vi que posso andar sozinha e chegar aos meus objetivos sozinha, sem ninguém segurando minhas mãos.

Cresci muito nesses 14 meses. Aprendi muito. Amadureci também e tomei decisões importantes. Dei passos largos e aos poucos estou alcançando alguns objetivos.

A adversidade e a dificuldade foram importantes degraus.

Embora você ainda me veja como uma adolescente, já sou uma mulher: estou com 34 anos e meu filho vai fazer 9 anos daqui a três meses.

Diante disso, penso que você sentiu a mesma coisa há nove anos atrás. Seu mundo deve ter ruído e a mágoa deve ter tomado conta de seu coração.

Mas ao contrário do que aconteceu comigo, a sua mágoa se transformou em presente.Duvido que seu neto seja uma coisa ruim em sua vida. Ele, na minha opinião, veio para por cada um de nós diante de nossos verdadeiros caminhos - independente das nossas escolhas.

E até nisso somos iguais: continuamos insistindo em caminhos errados até quebrarmos a cara.

Eu assumi meus erros e aprendi. Na dor, é claro. Não posso falar por você.

E agora penso que já está mais do que na hora de te "ressuscitar", te trazer de volta aos meus dias. Principalmente agora, que vamos ficar fisicamente separados, cada um em sua residência, seguindo sua vida, seu destino.

Por isso, eu queria te dizer uma coisa: eu estou com saudades.

Você fez falta no meu futebol - não tinha com chorar a queda o nosso time pra série B e também não tinha ninguém para comemorar a volta.

Não te desejei feliz ano novo, não rimos das nossas piadas, você não esteve comigo quando comprei meu carro, nem ponderou sobre minha decisão de morar sozinha. Você também não estava perto quando levei a vovó América para o hospital e precisei segurá-la sozinha para passar aquela sonda horrorosa. Naquela noite chorei desejei seu colo. Assim como, quando os médicos estavam "batendo cabeça" com relação ao tratamento dela, e seu estado só piorava, vi você chorando e quis te abraçar. Dói perder alguém.

Teve também o dia da entrega das chaves - aquela festa bonita e você, feito criança, indo de um lado para o outro, com os olhos brilahndo diante da sua mais nobre realização. Você, alí, era o protagonista. E eu te aplaudia por dentro com mil mãos.

Naquela noite eu quis te beijar, te abraçar, rir com você.

Por fim, no dia em que o Lucca aprendeu a andar de bicicleta eu lembrei de uma cena linda: você, segurando o banco da minha bicicleta, lá na rua Nazaré da Mata, e dizendo "vai, pedala, força, você consegue". Não sei quanto tempo faz isso, mas eu devia ter a mesma idade do Lucca.

Aliás, você é dono de algumas das minhas principais memórias: meu primeiro sutiã (que era azul), você comprando absorventes para mim, você rindo das minhas piadas (com esse seu jeito sério), me protegendo das agressões da vida. Lembro das músicas de carnaval em noites quentes, no quintal da casa da rua Catapará. Só histórias boas...

Hoje, 25 de novembro você está fazendo 60 anos. E de tudo o que você já fez nessa vida, talvez o mais importante foi ter passado a índole e o caráter que eu tenho. Assim como essa obstinação em realizar sonhos. Você me ensinou que mais do que sermos iguais (fisicamente e no humor) somos seres únicos e erramos.

Por isso, apesar de ser seu aniversário, quem ganhou um presente fui eu, afinal, acabei de expulsar boa parte da mágoa que havia em mim.O resto sairá com o tempo, assim como minha saudade de você.

Feliz Aniversário, Pai.

Eu ainda te amo.

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" Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. (...) Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um charme só


Preciso dizer mais alguma coisa?

O sonho


Ao abrir os olhos recordou-se do sonho.

Ainda estava na cama, sozinha, o despertador insistindo em acabar com aquela sensação tão boa.

Apertou a tecla "soneca" e tentou dormir mais 10 minutos pra ver se ainda conseguia voltar ao sonho.
Em vão. Não dormiu e nem sonhou de novo.
E como levantou atrasada, tratou de acelerar a rotina da casa e saiu rapidamente.
O dia passou lento, quase arrastado e aquela sensação, aquelas lembranças alí, perturbando seus pensamentos.
No fim do dia voltou pra casa, fez tudo com rapidez e foi deitar bem cedo.
Nada. Nem sonho, nem sono, nem nada.
Vazio.
Silêncio.
E só a lembrança de uma voz, que já ouvira diversas vezes, em prosa e em música, e de um beijo que nunca teve a oportunidade de provar.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Tipo


Ela estava incomodada com o Sol em seu rosto.

Era umas dessas tardes de primavera, muito quentes, de céu muito azul. O dia estava especialmente bonito. Mas o sol batia em seus olhos e ela pouco percebia as intenções nos olhos alheios.

Ficaram conversando em plena esquina, na companhia de uma cerveja gelada, em um bar movimentado.

Ela já nem dava mais atenção àquilo que ele dizia. Já havia decorado o discurso, as desculpas, os trejeitos.

Enquanto ele falava, imaginava outra pessoa - qualquer outra pessoa - de preferência, alguém que ela não conhecesse.

Alguém que ela tivesse que desvendar mistérios, segredos, conhecer os desejos. Alguém com quem pudesse compartilhar desejos, insinuar segredos e esconder mistérios. Tudo para ser descoberta.

Pensou como seria ter sexo com essa pessoa: quente, forte, e, ao mesmo tempo romântico.

Imaginou-se casando com essa pessoa, se viu grávida do primeiro filho, projetou imagens de uma família feliz.

Era tudo o que ela queria naquele momento.

Deu uma risada por dentro e se achou ridícula diante de pensamentos tão tolos.

Queria tudo isso e estava lá com um cara que tinha sumido meses antes, deixando-a sozinha e sem nenhuma explicação.

Realmente não fazia sentido.

Até que uma frase a tirou de seus devaneios.

- Minha Linda, quer casar comigo? Mas, tipo, casar sério, ter família, filhos e um cachorro no quintal.

E ele prosseguiu:

- Esse tempo em que ficamos longe deu pra sacar justamente isso. Tipo, preciso de você, você é completa, especial.

E ela, em estado de choque, continuava muda.

- Tipo, só você consegue me esperar. Olha só. Ficou sozinha esse tempo todo.

Os olhos dela arregalaram de tanto espanto.

- Tipo, é isso que eu preciso: fidelidade.

O sol, que antes batia em seus olhos, agora estava mais baixo e ela pode ver os olhos alheios. Ele estava sendo tão sincero com ela, que só restou uma alternativa: dar uma resposta ali mesmo e imediata. E assim o fez, mas antes engoliu a cerveja de seu copo e sorriu.

- E aí? Tipo, você aceita, né?

- Lógico, respondeu ela com um largo sorriso. E emendou já pegando a bolsa:

- Tanto aceito que já vou indo ver meu vestido de noiva, agora mesmo, nesse momento!

- Mas e eu? Espera...

- E você? Olha, meu querido, você espera aí. Quem sabe um dia eu volto...

E saiu enterrando pra sempre aquele "tipo".

domingo, 16 de novembro de 2008

Não tem preço


Depois de contar aqui a aventura de ver meu filho aprender andar de bicicleta, tomei uma resolução: comprar uma pra ele.

Pois não é que na última quarta-feira eu entrei num hipermercado e havia uma bicicleta bem bonita em promoção?

Fiz minha contas e, mais empolgada do que uma criança de 8 anos de idade, comprei a bicicleta e fui pra casa com o coração aos pulos.

O resultado?

Ah... o resultado não poderia ter sido melhor, afinal, um sorriso dele não tem preço!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Pra você, que já me deu tanto


Você, que está na minha vida há tanto tempo, talvez nem perceba hoje em dia a sua importância no desenrolar dos meus caminhos.

Você, que me ouve há tempos, talvez nunca tenha escutado aquilo que lhe era mais caro, mais necessário.

Você, que há tanto me conhece, talvez não saiba o quanto lhe sou grata por tantas coisas. Por tantos dias, por tantas tardes, por tantas noites. Pelo silêncio, pelas palavras, pelo olhar.

Você, que corre com sua vida paralela a minha, talvez não entenda a importância da amizade para mim. E com isso, não enxergue que você é minha amizade mais preciosa.

O tempo foi passando e com ele algumas gentilezas e carinhos ficaram para atrás. Presos na memória como uma colcha de retalhos colorida.

Deixei de te ouvir não porque tivesse deixado de te querer bem, mas porque estava implícito o meu sentimento. Pelo menos para mim.

Não pense você que não lhe sou grata ou que não reconheço o que de bom já deu pra mim.

Mas também não imagine que eu tenha apagado algumas coisas que me machucaram. Porém, até estas serviram para que eu crescesse.

Por isso, para você, que já me deu tanto, dou o que tenho de melhor em minha vida: minha lealdade.

E antes que não dê mais tempo, meu muito obrigada por tudo. De coração.


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Parafraseando Drummond:


E agora, José?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua alma de ouro,

seu terno olhar,

sua carência,

sua inocência,

sua vida – e agora?

Só me resta o muito obrigada!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ju 3.0

um brinde!!
minha melhor amiga fez 30 anos!!
saúde!! amor!! realizações!!
te amo, Ju!!

niver da Ju - 30 anos!!


amigos queridos!!


friends forever!!
Ju e Di, amo vcs!!




A importância do NÃO


Há dias o Lucca vem pedindo para que eu assine um programa de créditos em um site da Disney, o Club Penguim, para que ele possa acessar todo o conteúdo do Portal.

Até uma semana atrás o valor era em dólares e agora passou a ter a opção para o "Brazil" em reais. O valor? R$ 84,00 por ano no cartão de crédito internacional.

Pensando bem é pouco, se formos pensar na diversão do meu pequeno (que me demanda muito mais por ano!!).

No entanto eu disse NÃO. E ele ficou furioso, é claro.

Tentou me convencer de todas as formas, com todos os argumentos (e olha que ele é bom nisso!!), mas ponderei que nesse momento não dá. No final ele chorou e disse que ia ser o único da turma a não ter acesso em todo o portal.

O coração de mãe apertou, afinal, que mãe que gosta de ver seu filho chorar?! Mas me mantive firme na decisão. Não é não e ponto final (com um colinho e um dengo também).

Pouco depois ele já estava brincando com outras coisas e me pedindo outras coisas também.

Criança é assim mesmo: pede, pede, pede até não poder mais. Pede até conseguir o que quer. Pede até ouvir um não.

Gente grande também é assim, porém, sem o brilho da infância: pedimos inconscientemente (?) o tempo todo. Aliás, quem aqui não levou um NÃO da vida, por favor, deixe um cometário contando o fato!!

Tem gente que pede coisas materiais. Tem gente que pede atenção, sentimento, entrega... tanta coisa que nem cabe aqui a lista. Nos dois casos muitas vezes o NÃO é inevitável.

Por exemplo: conheço uma pessoa que, certa vez, comprou um anel igual ao meu. Acontece que o dela estragou sei lá porque, e agora, toda vez que ela me vê com o meu anel, ela tenta tirar da minha mão e pede pra ela!! E toda vez eu digo educadamente que não vou dar. Decidi que nunca mais usaria a bijouteria na presença dessa pessoa.

Já, no segundo caso, posso dizer que me encaxei muitas vezes. E certamente ainda vou me encaixar muitas mais.

Existem os NÃOS corriqueiros, daqueles que a gente simplesmente fala e não causa nenhum infortúnio:

"O senhor aceita mais vinho?", pergunta o garçon ao cliente.

"Não, obrigado", responde o cliente.

Um outro tipo são os NÃOS pensados, frutos de uma decisão diante de uma situação mais séria:

"Fulano Augusto, você ainda me ama?"

"Não, Ciclana Renata. Não te amo mais!"

Porém, existem certos NÃOS que machucam, magoam. São os NÃOS velados, ditos em silêncio, proferidos com olhares gelados. Não chegam a ser um NÃO, mas uma negativa a todas as expectativas. E eu, depois de vivenciar isso por tantos anos, sofrendo diante de uma pessoa que é uma Esfinge encarnada, resolvi que NÃO iria mais tentar decifrá-la e, assim, NÃO me desgastaria mais. Se vai funcionar? Não sei. Só o tempo dirá.

Por fim, tem o NÃO-COM-SORRISO que, dito tão com jeitinho, deixa até o freguês feliz:

"Fulanto Carlos, vamos sair esse fim de semana?"

"Poxa, Ciclana Jéssica, eu adoraria. Mas tenho que cuidar da minha avó, e se der eu te ligo..."

E daí a gente saí com um NÃO no meio da cara, mas cheia de compaixão e esperança.

Deixando as brincadeiras e exemplos de lado, fica aqui a lição da importância do NÃO. Em todos os casos estabeleceram-se limites, esclareceram-se situações e desenharam-se escolhas. Crescemos ou empacamos diante de um NÃO. Por mais que NÃO tenha sido fácil, por mais que a gente NÃO desista.

E por falar nisso, tenho certeza de que o Lucca não desistiu. Só vai esperar o momento certo para me abordar de novo.


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tempo Rei


Ouvi isso pela manhã, no momento em que saia da avenida Nova Cantareira e entrava na rua Aureliano Leal. Antes da música tocar, eu havia feito uma pequena prece agradecendo meu destino e as oportunidades que ainda virão.

Bem, pra quem mora em SP, esse lugar fica na Zona Norte. E quem vive na Zona Norte, sabe o que eu estou falando. Essa rua é repleta de árvores floridas e tem uma vista linda para a Serra da Cantareira.

Agora imaginem: estou entregando meus passos ao "Tempo Rei", que rege tudo e todos, estou celebrando meu destino ainda por vir, cheio de novas oportunidades, e essa música toca. E enche meu coração e minha alma.
E pensar que meu coração anda parecendo aquele Pavilhão da Bienal: vazio, porém, cheio de significados e valor.
Melhor assim. Porque quando for ocupado, com numa próxima mostra (de carinho, afetuosidade, amor, lealdade), se tornará um espaço fixo de uma exposição permante!
"Ensinai, ó Pai, o que eu ainda não sei".


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Tempo Rei

Gilberto Gil


Não me iludo, tudo permanecerá do jeito

Que tem sido, transcorrendo, transformando

Tempo e espaço navegando todos os sentidos

Pães de Açúcar, Corcovados

Fustigados pela chuva e pelo eterno vento

Água mole, pedra dura

Tanto bate que não restará nem pensamento

Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei, transformai as velhas formas do viver

Ensinai, ó Pai, o que eu ainda não sei, mãe senhora do Perpétuo socorrei

Pensamento, mesmo fundamento singular

Do ser humano, de um momento para o outro

Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos

Mães zelosas, pais corujas

Vejam como as águas de repente ficam sujas

Não se iludam, não me iludo

Tudo agora mesmo pode estar por um segundo

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Essa é a hora


Tristeza passou

foi embora.

Passarinho cantou

tá na hora!

O Sol raiou cedinho,

vamos embora!

A vida tem pressa:

não demora.

Expulsei a tristeza

do meu peito pra fora,

busquei minha essência

num raio de Sol,

num beijo da vida,

num amanhã promissor

pra voltar a ser feliz,

pra voltar a sorrir.

Essa é a hora!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tristeza

Há um enorme vazio
que insiste em me preencher
que ocupa cada espaço
desde o mínimo ao máximo.

Há uma saudade
que insiste em mostrar
que quanto mais longe ficas de mim
mais te quero amar.

Há uma tristeza sombria
que sufoca a alegria
e da noite pro dia
me faz sofrer.

Há um enorme vazio
sem uma estrela a brilhar
numa noite vazia
num céu sem luar.

Há uma dor sem dó
em um coração tão só
Havia a felicidade - agora distante, fugidia
afastada pela saudade que inebria.

Há uma enorme insistência
de uma lembrança imensa
que ainda vive
ocupando todos os espaços dentro de mim.


OBS: poesia escrita em 25.01.1990