Já faz nove meses desde o último post aqui - praticamente uma gestação completa. Talvez seja a que eu não tive, já que o Lucca nasceu antes do tempo.
Ah! O tempo... Tenho brigado com esse senhor implacável desde sempre, mas só há pouco percebi que o que vivo tentando buscar num tempo passado voltará num tempo futuro. Com outra cara, eu sei, mas voltará. Como a primavera, que todo ano floresce, com suas flores de sementes diferentes.
Depois de esquecer meus fantasmas junto com a poeira debaixo do tapete decidi encará-los. Ando lutando com meus fantasmas. Ando buscando minha identidade. Ando procurando meu espaço.
Uns dias tenho arranhões, em outros crio cicatrizes.
Sigo meus dias em passos pequenos, como se minhas pernas não pudessem chegar ao outro lado da sala. Olho por sobre a mureta da varanda para ter a certeza de que há, sim, vida lá fora. Vejo as árvores tão grandes que ainda me sinto semente.
Vou brotar, embora ainda me falte algumas primaveras.
Mas a certeza do crescimento habita em mim, assim como as flores que carrego em meu peito, tal qual um Ipê, que fica desprovido de folhas para dar lugar às flores.
Hoje estou desprovida de tudo o que carregava na última estação. Uma tempestade levou tudo o que eu jugava saber equilibrar. Sobraram galhos secos. Um dia, das pontas, ainda vão brotar flores (eu sei).
Além disso, minha madeira é de lei, e suporto muito mais do que minha frágil aparência possa parecer.
Ainda sou semente, mas sei que vou atingir altura suficiente para ver as coisas por outro ângulo
Nesses últimos nove meses puder morrer e nascer de novo - como num ciclo de estações. E estou vendo e aprendendo tudo de novo. Para que os dias sejam mais floridos, e o espaço seja, definitivamente, meu.