quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Mas vou. Por que não?

Muitos meses depois de passar aqui pela última vez hoje eu senti aquela sensação boa de inspiração a me cutucar por dentro. Aliás, e pra ser sincera, há um tempo esse comichão vem me inquietando o coração. Mas a rotina engole a gente e quando vejo aquele "click" foi embora. 
Tanta coisa aconteceu  nesses últimos tempos... Tantos foram os desfechos e recomeços - desencontrados sempre - que me colocaram num caminho que jamais imaginei seguir e agora me vejo sozinha comigo mesma fazendo valer cada minuto do meu seguir em frente.
Não adianta: por mais que tentemos forçar passagens ou abrir caminhos que não são nossos, mais distantes ficamos dos nossos sonhos. E é justamente aí que a vida se encarrega de mostrar seus caprichos. É uma porta que se fecha (ou que sequer esteva aberta), é um ente querido que se vai, um amigo que mostra sua face oculta, é um amor que morre... Sei que fui acumulando pequenas tristezas ao longo do meu recente caminho, como também sei que tudo isso tem um peso físico e emocional que fizeram com que minha saúde ficasse um pouco fragilizada. 
Coisas simples como ler ou escrever tinham ficado num universo tão distante que às vezes, agora, pareço uma principiante diante de páginas novinhas que eu jamais li ou mesmo com a velha dupla caderno-caneta. Meus artesanatos também estava esquecidos, empoeirados, a casa ficou vazia de amigos, e o forno e o fogão deixaram de assar bolos, tortas, carnes como quando eu fazia para receber quem eu amava.
Acontece que o despertar se dá sem querer. Pode ser num dia de sol que amanhece na minha janela do quarto ou durante um por do sol na minha varanda - tanto faz. E eu finalmente despertei. Tal qual alguém que ficou muito tempo em sono profundo vou cambaleando, ainda, em busca do meu sol.
Mas vou. Por que não?
Tenho feito sessões diárias de faxina mental a fim de jogar fora o que já não serve mais, bem como os velhos padrões cíclicos e autodestrutivos (que todos nós temos). Essa semana, em especial, resolvi guardar certas memórias na pasta de arquivo morto e, assim, enterrar de vez meus mortos - sejam eles vivos ou não. Tenho tirado coisas de armários para doar o que está bom e jogar no lixo aquilo que não vale mais. Tenho deixado as janelas abertas, tenho cozinhado com mais afeto para meu filho e tenho amado, mais do que nunca, meus bichos, minhas plantas e meus amigos.
O fato é que aos poucos vou me sentindo mais leve e me reconectando com a minha essência. A ideia não é voltar a ser o que eu era mas, sim, descobrir aquilo que eu ainda posso ser. E eu vou! Por que não?