quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"Seria apenas mais uma história, se não tivesse tocado a alma"

Eu floresci em você
"Seria apenas mais uma história, se não tivesse tocado a alma..."  
(Caio Fernando Abreu)

Há quase dois meses tive minha alma tocada.
Foi sem querer, foi sem pensar, foi brincando. Mas foi.
Foi quando tudo indicava seguir pela ladeira escura que descem todas as histórias curtas, daí que veio do toque.
Eu despertei ali e enxerguei um novo caminho de luz, e desde então venho flutuando em nuvens mas com os pés fincados no chão.
É paradoxal, eu sei, mas é o que sinto agora.
Não há explicação que baste, não há teorias que definam.
Eu me deixei ser tocada e isso bastou para que minha alma florescesse (a alma tocada tem a leveza de um dente de leão ao vento). 
Houve um tempo, no passado recente, que soprei-me ao vento e desejei por terras férteis. Acabei pousando num terreno rústico e puro.
Minha semente plantou-se na primavera, época correta de estar num solo preparado para me receber. Agora sim vou brotar. Agora sim o tempo está certo e nem a estiagem há de me impedir.
É um despertar, um aprender contínuo. Agora cresço em mim.
Sinto que minhas estações estão voltando ao seu curso normal e em breve o verão despontará em meu peito. Se bem que já ostento em meu sorriso a luz que fazes refletir em mim. Meu Sol tem nascido novamente no horizonte a cada despertar nosso.
Ser semente, ser flor, ser tocada e entender que mesmo com uma casca eu ainda tinha vida - vida contida, de certo, mas era vida. Eu já pulsava a sua espera sem saber nem onde e nem quando viria seu toque.
Ser envolvida em solo fértil do seu peito e saber que há aditivo para que eu cresça dentro dele é o que faltava para eu crescer.
Seria apenas mais uma história se não tivesse no tempo certo para entender e perceber essas sutilezas.
Das lições diárias tiro forças para ir mais além. Das noites ao seu lado, também.
É mais do que o corpo pede, é mais do que o outro corpo lhe dá. Chega a ser comunhão.
Seria apenas mais uma história se não fossem seus olhos, se não fossem seus toques.
Tive minha alma fecundada, afinal, você também brotou em mim. E eu floresci em você. 


domingo, 14 de setembro de 2014

Não haverá amanhã se não houver perdão


Estou
 a dois dias de completar 40 anos. Hoje é domingo, o dia está incrivelmente lindo e calorento, e o céu está azul. Estamos prestes a entrar na primavera e as árvores do bairro já anunciam a estação que mais amo. Hoje está tudo florido, inclusive minha alma. 
Há pouco fui tomada por um sentimento ímpar de gratidão. Andava com meus cães na pracinha aqui perto de casa e essa energia me invadiu. Quase não pude controlar a emoção - meus olhos marejarem e eu me senti como que abraçada e completamente envolvida por esse sentimento tão forte. Baixinho disse apenas o obrigada. 
Gratidão define, enfim, essa nova fase. 
Mas antes de ser grata eu precisei aprender a perdoar. 
"Não haverá amanhã se não houver perdão". A frase soprada em meus ouvidos na muitos meses foi a chave para eu abrir a porta da gratidão. 
O primeiro passo foi reconhecer meus erros e me perdoar. Sou humana, afinal. Olhei para trás e vi o meu caminho percorrido, enxerguei meus erros e fraquezas, e simplesmente me perdoei. Entreguei ali o meu mais sincero perdão. 
Na seqüência perdoei quem tinha me machucado. E antes que alguém imagine que saí por aí dizendo "Fulano, eu te perdôo", explico: curei em mim todas as feridas abertas. Algumas levaram anos para fechar, mas sararam. Restaram as cicatrizes que provam que venci o rancor e mágoa. 
Um por um foram recebendo a minha oração do perdão e meu desejo de luz e paz. Para alguns, em específico, escrevi sem a menor pretensão de esperar um retorno. 
Também pedi perdão e continuo pedindo diariamente para todos aqueles que magoei, sem esperar resposta, porque agora, nessa parte, trata da evolução do outro em me perdoar ou não. 
Eu estou subindo os degraus da evolução, um por um, porque quis evoluir. E para isso aceitei os dissabores da vida. E posso afirmar, sem modéstia, que foram inúmeros. Precisei morrer em mim mesma muitas vezes para renascer como sou agora. 
Hoje entendo que esses últimos anos foram de lições duras e que essa nova fase, que inauguro daqui a dois dias, será de praticar todos esses ensinamentos. 
Hoje também compreendo que a vida não me bateu, como afirmei em algumas ocasiões. Acontece que existem aprendizados que exigiram uma dedicação muito maior do que eu estava disposta a oferecer. Daí que a vida fez a coisa toda ir pelo caminho da dor. E posso dizer que doeu muito mesmo. 
Hoje sou grata. 
Hoje sinto uma vontade imensa de espalhar bondade e amor por aí. Hoje sou a primavera e sopro minhas sementes através da brisa que passa por mim, devolvendo à minha história o sorriso que nunca ninguém conseguiu me tirar. 
Blessed Be!