quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A esmo.


São 10h44 da manhã e eu tenho três releases para escrever e mais um planejamento trimestral de um cliente. Tudo pra hoje. E desde segunda-feira a noite estou tentando, mas devo confessar que não sai uma linha sequer.

Parei, bloqueei, esvaziei, enchi, me perdi. Sei lá.

Escrever sempre foi meu prazer e não importava se era redação na escola, release para cliente, texto pros blogs. O fato agora é que eu simplesmente não consigo.

Aliás, esse texto também é um parto para mim, porém me obriguei a vir até aqui para exercitar meu dom. A verdade é que a coisa já virou obrigação faz tempo. E quando chega a esse ponto, tudo fica comprometido - qualidade, inspiração, critérios, prazos...

Há mais de um ano detectei que estava em crise com minha profissão (que tanto amava). Cansei disso tudo, perdi motivação, tesão e já não me reconheço mais atuando. Prova disso é que em plena reunião de briefing anteontem eu quase não abri a boca e me limitei a seguir o roteiro de perguntas.

É óbvio que isso não está correto e que não vou chegar a lugar nenhum agindo assim.

Mas eu sei que esgotei minhas possibilidades nessa profissão, ou talvez apenas no segmento de assessoria de imprensa. Talvez se eu começasse a fazer algo diferente na área de jornalismo eu me sentisse melhor. Não encaro um bom desafio faz tempo.

Perigoso escrever isso aqui, eu sei. Mas já não dá mais pra esconder que ando bem broxada, seja pela mesmice das coisas, seja pela parte financeira (que na minha opinião é bem mais devastadora do que os outros fatores). Mas também fico me perguntando o que fazer, ir para qual área, pedir ajuda para quem, onde, como. Não consigo encontrar uma saída.

Eu tinha idéia fixa de voltar a dar aulas e para isso estava até disposta (diante da necessidade) a cursar uma faculdade de Letras. Mas enquanto eu estiver estudando, vou precisar me sustentar e daí caio na mesma ladainha das perguntas: o que fazer, ir para qual área, pedir ajuda para quem, onde, como...

Sei fazer artesanatos e amo mexer com isso. Podia ser uma alternativa se eu não fosse tão bombardeada pelos familiares que apostam que isso é uma furada, ou "coisa pra quem tem marido que a sustente". O que não é o meu caso, obviamente.

Também pensei em montar uma empresa de organização domiciliar, daquelas que arrumam armários, gavetas, despensas, etc. para pessoas que são desorganizadas ou simplesmente não têm tempo para isso.

Gosto muito de paisagismo e decoração: pensei em uma loja que pudesse unir as duas coisas, mas novamente caio na necessidade do investimento que viria dos meus familiares que, claro, acham bobagem tudo isso. Para eles é impossível que eu queria sair da área que escolhi ainda antes dos meus 20 anos. E olha que há uma semana completei 35...

E diante de tanta falta de incentivo, sigo caminhando pela estrada que construí ao longo de 12 anos de profissão, procurando um atalho, uma saída, uma trilha qualquer. E comparo isso tudo ao fim de um relacionamento: quando a coisa acaba por completo, não há nada que faça mudar o destino dos envolvidos, senão seguir em frente e começar tudo de novo, passo a passo.

Porque eu não me importo em ser mais uma num mercado de trabalho, em qualquer área. O que vale pra mim é a satisfação de entregar alguma coisa com amor, repleta de energias positivas e ser reconhecida por isso.

Reconhecimento é a energia que move qualquer um.

E como nem eu mesma já não me reconheço, continuo assim, andando a esmo por aí, como num labirinto, ou num latifúndio dentro de mim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Enfim, 35.


Mais um aniversário.

Mais uma velinha no bolo (daqui a pouco vou ter que chamar os Bombeiros para apagar o "incêndio"), e mais um monte de histórias para escrever, para contar.

Hoje, 16 de setembro, completo 35 anos.

Acho essa uma idade simbólica, cheia de significados. A começar pela projeção de que já estou quase no meio da minha vida. Ou seja, estou perto da metade da minha vida (claro, numa projeção meio IBGE, baseada na expectativa de vida do brasileiro).

Com isso, também penso na questão da maturidade. Já sou uma balzaquiana há cinco anos e, coincidência ou não, percebi uma mudança de atitudes, de pensamentos, de postura diante de certas coisas, pessoas, desafios. Embora a ansiedade seja a minha marca registrada, me sinto mais tranquila para resolver ou decidir acerca de muitas situações.

Tem também o fato de que, somando os números da minha idade - 3+5 - temos o 8. E, segundo a numerologia, ele significa a continuidade eterna (por ter o formato do infinito), representa a conquista daquilo que é meu por direito, por meio de planos fundamentados pelo senso ético e de justiça.

Enfim, acho que estou perto daquele momento em que finalmente passamos a gozar a vida. Talvez eu ainda esteja com as vistas embaçadas por lágrimas das tantas mudanças bruscas de direção, que me fizeram recuar passos e passos para trás. Graças a tudo isso percebi que tinha pego o caminho errado. E agora volto por uma estrada nova, diferente, com obstáculos a superar tão inesperados quanto os de antes. Porém, hoje eu tenho calma e paciência para estudar como superá-los para não sair igual a uma "vaca louca" correndo e derrubando tudo pelo caminho.

Hoje pela manhã, enquanto preparava o meu café (estava bem cedinho ainda), disse em voz alta: OBRIGADA POR MAIS UM ANO, POR MAIS UMA CHANCE. Não preciso pedir mais nada, afinal, eu sempre tive tudo em minhas mãos. É assim que eu me sinto - agradecida, plena e pronta encarar mais essa missão, mais esse ano.

Pena que demorei tanto para saber como usar cada coisa. A minha fé depende de mim, meus resultados também, assim como o respeito dos outros, o reconhecimento, o amor, a amizade. A partir das minhas atitudes virão todas essas coisas.

Hoje vou almoçar com meus avós e com meu filho, ou seja, com as pessoas que eu mais amo nessa vida (me desculpem os amigos queridos, mas o Lucca é o número 1 na minha vida, a Vó Nora é o número 1b e o Vô Mello o 1c). Ainda não sei o que vou fazer a noite, mas posso estudar os convites...

Só sei mesmo que não vou fazer grandes comemorações - primeiro porque a grana está beeeem curta esse ano, e segundo porque eu nem estou com o espítiro de bagunça, como os outros aniversários.

Porém, o mais importante é que meu peito está em festa, Mil mãos me aplaudem por dentro por eu ter chegado até aqui - e olha que teve acidente grave, gravidez de risco, parto antecipado, muitos tombos, foras, demissões, decepções, solidão, recomeços, recomeços e mais recomeços. E eu saí de tudo isso - ilesa ou não - bem mais forte.

Mas eu também tive tanta coisa boa que em um texto de blog não caberia todas as risadas, alegrias, vitórias, momentos de pura felicidade, êxtase mesmo.

E eu entendi que a palavra mágica é OBRIGADA!

Portanto, a todos e tudo, responsáveis direta ou indiretamente por eu ter chegado até aqui, o meu muito obrigada. De verdade mesmo.

Hoje a paz invadiu meu coração.

E foi o melhor presente que eu já recebi em toda a minha vida.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ódios Cotidianos.


Detesto lavar louças. "Prontofalei"!
É verdade.
Talvez não exista coisa mais insuportável para mim do que lavar louças: só de olhar a pia cheia de pratos, copos, talheres e panelas me esperando, sinto arrepios. Mas infelizmente tenho que fazer essa atividade, já que não conto com secretárias do lar.
Para isso, uso luvas de borracha e muito detergente - do tipo biodegradável pra consciência não ficar tão pesada. Aliás, hoje em dia o meu sonho de consumo é uma torneira com água quente, só pra não ter que ficar aquecendo água na chaleira ou no microondas para lavar mais rápido a louça. Até tenho máquina de lavar louças, mas acho um desperdício de água e luz por apenas um par de copos, pratos e talheres. Sem contar que não dá pra enfiar as panelas lá.
Também vou confessar: lavar banheiro e cozinha não são tarefas que faço com prazer. Principalmente a minha cozinha, cujos cantos são caídos e o ralo, que fica lá na lavanderia, é mais alto que o Everest, e está localizado logo abaixo do tanque e ao lado da parede. Ou seja, cada vez que invento de lavar a cozinha e área de serviço, perco umas duas horas e cerca de 800 calorias (tinha que ter alguma vantagem nisso tudo, né?).
Talvez eu não tenha sido treinada para isso, muito embora eu saiba fazer de tudo mesmo. Muita coisa foi minha mãe quem ensinou porque ela é uma dona de casa nata, daquelas que abrem mão de empregadas por considerar que essas profissionais não fazem o serviço tão bem quanto ela.
Acontece que, como disse antes, não fui treinada para isso. Ou seja, traçando um paralelo com minha mãe, enquanto a geração dela sabia que era isso que tinham que fazer e ponto final, a minha turma estava na faculdade, pensando em como ingressar no mercado de trabalho ou, como no meu caso, viajando para atender clientes de fora de São Paulo, tomando o primeiro vôo para Curitiba, Florianópolis ou Porto Alegre e voltando no último avião para pousar em Congonhas. Com isso, as tarefas domésticas ficaram esses anos todos a cargo da minha mãe.
Tenho muitas amigas que não sabem sequer fritar um ovo, nem separar roupas por cores na hora de colocar na lavadora. Aliás, outro dia ouvi uma história hilária: a mocinha (amiga da minha prima Danuza) havia acabado de se casar e, para agradar o marido, comprou umas torradinhas, uns queijinhos e colocou água para fazer gelo, para oferecer um uísque quando ele chegasse em casa. Pois bem, estava tudo ok, até que o gelo não saía das forminhas que, por sua vez, tinha um formato estranho. Resumo: ela colocou a água no suporte de apoio para os ovos, pensando ser a forma de gelo.
Definitivamente a minha gereção não veio para isso. E eu acho um absurdo sermos julgadas por não sabermos fazer essas coisas! O pior é que ainda existem homens que acham que deveríamos ser iguais às suas mães nas tarefas domésticas, além de, claro, trabalharmos fora e a noite estarmos lindas, cheirosas, depiladas e dispostas a dar.
Mas, voltando aos desafios cotidianos, existem coisas que eu amo fazer, e faço tranquilamente, com prazer mesmo.Uma delas é cozinhar.
Acho uma delícia preparar a comida, mesmo que cotidiana - arroz, feijão, carne, salada. A única coisa que eu ainda estou me acostumando é a questão da quantidade, que diminuiu bastante, já que agora sou só eu e o Lucca (porque meu irmão fica mais tempo fora de casa devido ao novo trabalho). Mas mesmo assim cozinhar é uma coisa que me dá prazer. Tanto que adoro quando as meninas (do blog De Salto Alto e Batom) vem comer aqui em casa. Aliás, curto muito receber meus amigos com coisinhas gostosas e um bom vinho.
Outra coisa que não ligo em fazer é passar roupas. Faço do jeito que sei fazer, mas não morro porque a camisa não está impecável. Tomo cuidado com colarinhos, vincos em calças, procuro usar um peçado de pano de algodão sobre algum tecido que tenho dúvidas ou que considero delicado, assim como com estampas e relevos (já que as camisetas do Lucca são mega-estampadas). Só não sei engomar.
Também não me importo em esfregar meias ou camisetas do uniforme do meu filho, que chegam em casa como se ele tivesse rolado por todo o chão da escola. Mas, no caso das meias, tomei uma providência: comprei meias nas cores preta, marinho, e mescla principalmente. As brancas já são minoria na gaveta.
Só sei que com a minha escolha em morar sozinha tive que deixar certos "ódios cotidianos" de lado e por - definitivamente - as mãos na massa.
E se, por acaso, alguém não me quiser só porque odeio lavar louças, saibam que tenho outras tantas qualidades, como por exemplo, saber dividir tarefas. Ou seja, eu cozinho e você lava, ok????
PS: só não compro artigos descartáveis porque minha consciência ecológica ainda é maior que meu ódio em lavar louças).