sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Eu não sei nadar

Eu não sei nadar. Mas ainda vou aprender.
Das verdades que carrego comigo essa é uma das mais sinceras: eu não sei nadar. Não por falta de habilidade, mas por medo mesmo. 

Sou filha de Iemanjá e tenho de medo de água. Em meus piores pesadelos eu morro afogada.

Entro em piscina (sem mergulhar, obviamente), entro no mar, já entrei em rio mas nunca passei do ponto de onde meus pés não pudessem mais alcançar o fundo. Gosto da sensação de estar na água (com meus pezinhos tocando o chão), do relaxamento que isso proporciona, gosto do barulho da água, do cheiro de piscina e de mar. 

Gosto e mas não me solto. 

Sou assim na vida também: até gosto mas não me solto. Pulo, brinco, me esbaldo, me molho, aproveito, até me entrego, mas quando vejo que o chão está longe do meu alcance eu travo.

Dizem que a culpa é do signo, que tem o elemento terra, dizem que isso é precaução, dizem também que isso é insegurança. Eu chamo isso de autoproteção. 

Já mergulhei de cabeça em tantas piscinas rasas que até perdi a conta, e só recentemente aquele sábio conselho de mãe de "entra devagar pra ver se dá pé" fez sentido pra mim. E ainda assim, às vezes, me deixo ser levada por uma correnteza mais forte do que eu posso suportar.

Todos nós temos medos. Uns têm medo de cachorro, outros de dirigir, outros de barata, uns de fogo, outros de água. Tem medo pra tudo nesse mundo, medo até de sentir medo. Tirando aquilo que é fobia, e que precisa de acompanhamento profissional, todo o resto é trabalhável. Eu não matava barata até o dia em que precisei matar uma.

Assim é a vida. Uma hora ou outra a gente precisar mergulhar naquela piscina fria que os outros já mergulharam, mas com cautela, com sabedoria, com segurança e até mesmo com um pouco de atrevimento. Os desafios servem para que superemos esses obstáculos mentais impostos por nós mesmos. 

Me propus a encarar certos medos esse ano. Não por resolução de réveillon, mas por necessidade mesmo. Morro de vontade de ir além, de mergulhar, de ver peixinhos, coisas lindas e coloridas. Morro de vontade de me sentir livre e ao mesmo tempo envolvida pela água.

Para isso, preciso sair da parte rasa da piscina e ir mais pra frente, preciso ultrapassar as sete ondinhas e ir ver o que tem lá no mar aberto. Preciso aprender a por meu rosto debaixo d´água e a soltar minha respiração sem ter medo de me afogar (em águas e sentimentos).

Acho que finalmente eu quero saber como é sentir tudo isso. A vida em segurança com os pés no chão em tempo integral é chata e plana e rasa. 

Eu não sei nadar. Mas esse ano eu vou aprender.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Amor é ação em equipe. Sempre!

Amor é saber esperar
Hoje li um daqueles textos perturbadores, daqueles que nos fazem remexer na cadeira o dia todo, faz coçar a cabeça e ficar se perguntando por que eu não pensei nisso antes, meu Deus?!

O problema todo é que eu pensei sim, e pensei muito. Acho que na verdade até demais da conta.

Sabe aquela história de que de tanto esperar amadurecer, apodreceu? Então...
O texto era do blog Casal Sem Vergonha (mais um tapa na cara escrito por eles...) e falava sobre amor. Falava de como a gente insiste em complicar tudo, absolutamente tudo! 

Me vi em cada linha. 'Ai que saco, ai que raiva!', pensei. 

Por que a a gente insiste tanto?

No meu caso insisto ainda porque acredito no amor. No amor de verdade, não naquilo que andam divulgando por aí como amor. Paixão nada tem a ver com isso. Acredito no companheirismo, na lealdade, no respeito, no carinho e na amizade. Sim, ainda acredito...

E vou mais além: acho mesmo que é o construir juntos, o remar no mesmo compasso que moldam o amor, que o levam para águas calmas quando o mar está turbulento. Amor é ação em equipe. Sempre! Senão vira competição.

Eu mesma já competi numa relação. O outro queria ter sempre mais do que eu: um trabalho mais pesado, um chefe mais chato, os amigos mais legais, saber dirigir melhor, ser o ás da cozinha, ser o executivo fodão. E, paralelamente, eu fui me envolvendo nessa disputa até que (amém mil vezes) não deu mais certo porque eu joguei a toalha e ele desistiu de mim.
Amor é dois que se se desejam também. Sempre!

E o desejo no amor passa da coisa da pele, do cheiro, do cio. É o desejo pelo intelectual, pelo espiritual, por tudo aquilo que lhe causa admiração. Sem admiração não há amor! Nunca! E a admiração é, também e às vezes, por um gesto: a forma como ele dobra a manga da camisa, ou como põe os cabelos para trás; ou o jeito como ela seguramente escolhe os caminhos no trânsito enquanto dirige.

Amor é segurança. Sempre (ou quase isso)! Como afinal, seguir em frente se há falhas na segurança? Imagina eu, virginiana, com Lua em Virgem e Ascendente em Libra, sem saber onde pisar? Socorro! Daí para descer ladeiras de caminhos errados é um passo! 

Também é mais do que segurança emocional, afinal, amor é mão estendida. É a corrida de obstáculos sem fim do dia-a-dia, é o passar do bastão contínuo: hoje eu pago a luz e a internet, amanhã você paga as compras, hoje eu passeio os cães e rego as plantas enquanto você cozinha um macarrão, porque já são 22h e temos fome. Hoje eu te abraço lá na cama, e dormirmos assim, e não exijo que você tenha performances de astro pornô para me satisfazer porque sei que seu dia foi puxado, porque sua cabeça não desligou de algum problema. Enfim, se quiser, se bastar, um 'papai-e-mamãe' bem feito dá conta do recado. 

Amor é planejamento. Sempre! Senão como seguir em frente sem incluir o outro no seu futuro? Aliás, se não houver espaço em suas projeções, esqueça! Isso não é amor. 
Amor é silêncio, é perdão, é o saber pedir desculpas, é o saber calar e o sabe agir. 

Amor é paciência: paciência para esperar o outro, seja ele andando num compasso menor do que o seu, seja ele ainda te procurando para andar contigo. 

Eu hoje espero. E espero, do fundo do meu coração, que o amor me invada, me encontre e forme a melhor dupla de criação já vista.

O amor, afinal, é equipe.