quinta-feira, 25 de junho de 2009

Clichês, lugar-comum e chavões: pra mim e pra você.


Umberto Eco (em A Misteriosa Chama da Rainha Loana) genialmente escreveu: "Parece que conheço todos os clichês, mas não sei combiná-los de forma crível. Ou talvez essas histórias sejam terríveis e grandiosas justamente porque todos os clichês se entrelaçam de modo inverossímil e ninguém mais pode desembaraçá-los. Mas quando se vive um clichê é como se fosse a primeira vez que acontece e não se sente pudor.



Acabei de ler isso no blog Corporativismo Feminino (http://www.corporativismofeminino.com/).

Aliás, o post todo - http://www.corporativismofeminino.com/2009/06/pimenta-nos-olhos-dos-outros-e-refresco.html - é um tapa na minha cara (tks, Zingara, pela bofetada).

Li, reli, pensei, enxuguei a lágrima do canto do olho esquerdo e suspirei.

Daí eu pude, pela primeira vez, respirar aliviada e dizer pra mim mesma que eu não sou perfeita. E tal a qual a autora, também estou vivendo o viés das minhas próprias opiniões e conselhos que dei pra tanta gente.

Como fazer?

Não sei.

Mas a vontade de recomeçar talvez seja maior do que qualquer tristeza (ou até mesmo a sensação de ter errado).

Hoje olhei que existe vida lá fora.

Foi durante o almoço, com uma companhia pra lá de agradável.

Enquanto a pessoa falava, chovia lá fora. E a água que caiu foi pra lavar a minha alma.

E eu não chorei pela aposta errada que eu fiz.

Decidi pela acertada atitude de recuar uma ou duas casas, como no xadrez.

Eu vi a vida passando lá naquela praça e tive vontade de viver, de acompanhar a vida. Mas eu ainda estou muitos passos atrás, pesada, lotada de sentimentos.

Por isso tive vontade de esvaziar tudo aqui dentro de mim e deixar tal e qual um loft.

Aos poucos as coisas vão voltar aos seus lugares. Eu sei.

Pela primeira vez eu ouvi meus próprios conselhos. Escutei o que eu mesma falava e me impressionei com minhas próprias palavras. E tal como num texto ensaiado à exaustão, percebi que minha cena vinha sendo repetida há quase cinco anos.
E pela primeira vez sai de cena à francesa, deixando o outro representar sozinho. Porque cansei de fazer o papel da Rapunzel sem tranças.

Me despi dos clichês.

Agora eu sou a Andréa.

E só.


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