Há exatos dez anos, nesse mesmo horário - 20h10 - eu estava sentindo o primeiro aviso de que meu filho estava chegando. Foi engraçado, assustador, dolorido. Não era a hora porque ainda faltavam, pelo menos, uns 25 dias para o parto.
Na hora entrei em pânico: liguei para a médica e ouvi para eu aguardar as próximas contrações e, se começassem a vir cada vez menos espaçadas, era pra eu correr para a maternidade.
E assim foi feito. Às 5h30 da manhã do dia 23 de fevereiro eu dei entrada no Santa Joana. Às 8h48 o Lucca nasceu de cesariana, com 36 semanas de uma gestação muito tumultuada. A começar pelo princípio da própria história. Engravidei de um moço que eu estava ficando havia três meses apenas.
Foi um susto, um baque. Um mix de revolta (com direito a pergunta "por que eu??), com tristeza, com muito medo. Tudo foi complicado desde o início - contar para meus pais, ter a "anuência" do pai da criança, encarar familiares, amigos e paqueras. Naquele momento achei que minha vida tinha acabado ali.
Até que aos dois meses começou a fase mais crítica do processo porque passei a ter sangramentos como se fossem menstruação. Na primeira situação corri para o hospital mais próximo da minha casa e entre um exame e outro, pude ouvir pela primeira vez o coraçãozinho dele batendo. Acreditem: ressucitei naquele momento e decidi que brigaria a todo custo pela chegada dele.
E assim o fiz, mesmo diante de todos os dissabores que foram aparecendo pelo caminho. E olha que não me faltou obstáculo! Desde dos meus pais que simplesmente não falavam direito comigo, amigos que viraram as costas, emprego que minguou porque era freela, e o próprio pai da criança que foi me largando aos poucos e ficando com outras meninas sem se importar se eu saberia ou não.
No dia 22 de fevereiro de 2000, eu e o pai dele brigamos feio porque ele tinha que comprar um berço bacana e acabou comprando uma prancha de surf nova. Quase tive um treco, afinal, já havia pintado sozinha todo o quartinho do Lucca, arrumado enfeites, colado estrelinhas no teto, arrumado roupinhas e todas as tranqueiras que um bebê podia precisar. Bem, depois da discussão, eu passei a ter contrações. O resto já contei aqui no início do texto.
E mesmo enfrentando tantas dificuldades nessa primeira década do meu filho (fiquei solteira, o pai dele o registrou mas nunca foi um pai de fato, enfrentei desemprego, fiquei doente, ele ficou doente, etc.) uma coisa me chamou atenção - as malucas do blog De Salto Alto e Batom nunca nos deixaram sozinhos. Aliás, a Diana e a Juliana (carinhosamente apelidada de Mané pelo Lucca) estiveram presentes em momentos únicos.
Outras pessoas também fizeram a diferença ao longo desses 10 anos. Até mesmo o Zé fez a parte dele, mostrando que mais do que um pai, uma criança precisa de alguém em quem possa confiar. Adoro saber que eles são e serão grandes amigos. Sou eternamente grata a ele por dar ao Lucca o que lhe faltava.
Enfim, amanhã, quando ele abrir aqueles seus olhinhos verdes esmeralda, vou ter a certeza de que quem ganhou o presente fui eu. E foi o presente mais bonito de toda a minha vida.
Um comentário:
Amiga querida!
Pessoas especiais, sempre ganham presentes especiais.
O seu presente, além de especial é eterno, e vc poder acompanhar o crescimento em todos os sentidos do Lucca, é mais que um presente. É uma benção!
Já há algum tempo, vocês moram no meu coração. E vc sabe disso!
Dá um beijãozão carinhoso no filhote por mim. Que ele tenha toda a felicidade possível.
Beijos pra vocês, e um grande abraço ao Zé, pelo cara bacana que tem sido.
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