Essa é a história de Alice que, sonhadora que só (ou medrosa que só), se recusa a enxergar a realidade nua e crua.
Na verdade, Alice entrou num estado de hibernação há muitos anos. Uma série de tropeços e obstáculos fez com que ela tomasse essa decisão. Por isso, preferiu não estar acordada quando o tufão passasse. Acontece que o tufão ainda está passando, e os ventos sopram com força total verdades em sua face.
Enquanto isso, Alice dorme.
Alice vive como um zumbi, um morto-vivo. Tem atitudes automáticas e reage com violência quando alguém quer acordá-la. Durante esse tempo todo, Alice passou a cultivar também a ausência de sentimentos, preservando apenas o medo e a culpa.
Ah! o velho medo e a culpa, tão companheira ao longo de sua jornada, a impedem de acordar. Porque Alice não sabe o que vai encontrar quando acordar. Ou melhor, sabe sim.
Alice sabe que a vida a espera, cheia de novidades, de energia, de cobranças para sua evolução. Ela tem consciência de sua absoluta inaptidão em encarar o novo, o desconhecido. Sabe também que está em desvantagem diante dos outros que preferiram ficar de olhos bem abertos para se protegerem quando o tufão passasse.
Alice acha que o tufão é um pesadelo, por isso fecha os olhos. Mal sabe ela que a visão é a chave da proteção. Ela ainda acha que depois que a tempestade passar, ela estará a salvo.
Ledo engano...
Após a tempestade tem sim a calmaria. Mas tudo está destruído. A bonança é o start do recomeço. Alice não sabe recomeçar porque ainda não finalizou fases.
Nesse mundo em que vive (ou perambula), Alice encara personagens estranhos, que ora beiram a maldade, ora a indiferença total. Por isso, ela não sabe discernir quando ser indiferente, quando ser cruel.
Acontece que, às vezes, Alice precisa sair desse universo paralelo. E para transitar entre esses mundos, ela construiu um muro. Daí que ela também se esconde atrás desse muro e quando sai, vem blindada com seus medos e vestida com uma máscara de alegria, de descontração.
Porém, Alice sente que o tufão está mesmo indo embora e está chegando o momento de derrubar o muro. Ela vai ter que acordar e seguir a vida e encarar a realidade. E a hora está chegando. A bonança virá também.
Ou não.
PS: a Alice não sou eu.
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