É isso mesmo: Saturno andou.
Segundo a astrologia, o planeta finalmente saiu do signo de Virgem (o meu, no caso) e foi aborrecer quem nasceu sob o signo de Libra. Lá se vão anos de freio de mão puxado, situações travadas, caminhos truncados. Dizem que esse plantena cobra de nós - de anos em anos (acho que são a cada sete anos) - tudo aquilo que não fizemos e não cumprimos. E eu , como não fui aluna aplicada, não podia ficar de fora, claro.
Ok, concordo... foram uns passinhos apenas, já que não aconteceram mudanças tão drásticas.
Mas o que vale é que algumas coisas andaram. E no meio disso tudo redescobri a força que tenho dentro de mim e, ficou evidente a minha melhor qualidade (sem a menor modéstia mesmo), a resiliência.
Por mais que a vida me puxe para um lado, os problemas para o outro, pessoas me puxando para baixo, e eu me esticando toda e perdendo a forma por várias ocasiões, ainda consigo voltar ao meu estado normal porque a minha essência me rege. E aí que está toda a graça da coisa.
Ok (parte 2), concordo que passar por apuros e perrengues não é legal, não é bacana. Dói, machuca, faz com que nos mutilemos muitas vezes. Mas é daí que a alma renasce. E quando olhamos para trás, já passou.
Aliás, queria agradecer "em público" um comentário da Elis Zampieri em que ela me dizia que tudo ia passar. E passou, Elis, passou... E parece agora que tudo ficou tão longe e eu tão forte, que já posso me preparar para o próximo desafio.
Porque a minha vida tem sido isso mesmo: um programa de desafios no grau plus-advanced, em que os obstáculos surgem do nada. E são aquelas lombadas altas, que a gente tem que por a primeira marcha, passar de lado, senão rala a frente do carro e o protetor de cárter. Não são intransponíveis. São chatas e nos obrigam a desacelerar em momentos em que a velocidade parecia tão boa... Mas se estão lá é para nos proteger de quebrar a cara num muro qualquer, na próxima curva ou numa simples reta.
Porém, como eu dizia ao abrir esse texto, Saturno andou.
Bem, não sei ao certo se foi ele quem andou ou se fui eu mesma que andei, que me mexi.
Confesso que andava meio prostrada, meio depressiva. Mas, poxa, tanta coisa aconteceu nesses últimos meses que eu estava muito dolorida para perceber que era inevitável dar o primeiro passo. Mesmo que doesse.
E doeu, vocês sabem. Escrevi aqui o quanto estava insatisfeita com tudo, contei da dor de ter que viajar para muitas cidades em curto período de tempo e deixar o Lucca.
Mas preciso contar uma coisa aqui, eu acordei desse torpor no meio de uma das viagens. Na verdade, foi na volta da última viagem, vindo de Brasília para São Paulo, num vôo tranquilo.
Decolamos às 18h e, com o horário de verão, o Sol do Planalto ainda estava alto (e quente, muito quente). Uma chuva se anunciava com nuvens escuras, quem vinham em direção ao aeroporto. No momento do embarque, e ainda no finger, vimos um arco-íris de cores muito fortes. Recebi aquilo como um sinal. E foi.
O avião subiu acima das nuvens e a chuva ficou lá embaixo, abençoando o cerrado. Lá em cima havia ainda o Sol. E foi essa imagem que me marcou: os raios entre as nuvens, aquela imensidão branca, laranja, lilás, azul. Nunca tinha visto o mundo daquela perspectiva (e olha que já voei em todos os horários possíveis). E a paz tomou conta de mim.
Por um momento me senti abençoada e percebi o quanto as lombadas foram importantes. Afinal, cresci e venho caminhando com segurança. Hoje olho para mim e me orgulho de coisas que queria esconder. Em meio a tudo o que já aconteceu comigo, descobri ainda que sou forte. Mas a minha força não está nos braços, nem nas pernas - está no meu coração.
É... Saturno andou, e eu dei mais um passo. Um dia eu chego lá, eu sei. Porque não cabe o que tem de bom dentro de mim.
PS: era pra ter escrito isso tudo ontem, data do aniversário de 26 anos de um acidente que quase tirou a minha vida. Era pra ser um agradecimento por aionda estar aqui e poder aprender tanto, todos os dias um pouquinho.
2 comentários:
Andréa querida!
Se saturno andou ou não, não importa! Você andou! Para a frente, na velocidade certa, respeitando as "lombadas", e aprendendo cada vez mais.
Altos e baixos, teremos sempre. Faz parte do "show da vida"! (ops, já vi isso em algum lugar rsrs)
Aquele beijãozão!
Pois é ... vão-se os dedos, ficam os anéis ... de saturno.
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