Plantas Epífitas |
Certa vez, uma amiga postou algo interessante em sua página do Facebook: "Crie porcos e você terá bacon. Crie minhocas e você terá adubo. Crie peixes, e terá um aquário. Crie plantas e você terá um jardim. Você pode até criar um unicórnio, e dai terá uma bela imaginação. Mas aprenda: expectativa não foi feita para ser criada".
Na hora curti e ri, mas depois parei para pensar em como essa criação é perigosa. Expectativa é como samambaia: da noite para o dia aparece e quando se vê, já ocupou um latifúndio.
Ainda estou tentando encontrar uma utilidade para as expectativas. Se são a causa daquele frio na boca do estômago num primeiro momento, depois de pouco tempo se tornam impossíveis de digerir. E aí a gente fica lá ruminando a incerteza.
Sim, porque Expectativa é a irmã mais velha da Incerteza e prima de primeiro grau da Esperança. Andam todas juntas, serelepes, lépidas e fagueiras. Às vezes se desentendem, mas na maioria do tempo articulam e agem juntas. E como num loop eterno, primeiro você espera, depois dúvida e dai volta a crer.
Mas por que raios criamos as benditas expectativas se sabemos quão danosas são?
Primeiro e principal motivo: porque precisamos preencher vazios que nós mesmos criamos, e que não são, exatamente, carências. São aquelas pequenas coisas (ok, às vezes nem tão pequenas) que achamos que ainda nos faltam: uma nova paixão, um novo relacionamento, a promoção no trabalho, um prêmio que concorremos, o dia de sol naquela semana de frio e chuva, o reconhecimento por alguma ação que praticamos...
A expectativa brinca com o possível, com o realizável, com o tangível. Só que a expectativa é planta epífita, daquelas que se apoiam em outras para ter mais luz e crescer.
E é aí que está a segunda razão para a criação das expectativas: elas sempre, toda a vida, vão depender do outro. Enquanto houver apoio, sustentação, vontade ou necessidade do outro lado, elas estarão lá, crescendo felizes e brotando em cachos as flores da esperança. Mas vulneráveis com suas raízes expostas ao tempo.
E de tanto apoiar minhas expectativas em frágeis galhos alheios, aprendi na marra que os bons frutos da expectativas só nascem se tiverem um solo certo e fértil, e se eu plantar suas sementes com minhas próprias mãos.
Expectativa só vira realidade se houver atitude daquele que espera. Senão, é só mais uma samambaia que veio com o vento.
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