Acelera esse relógio e me alcança que ainda dá tempo. Vem! |
Vivemos dias insanos ultimamente.
Talvez seja a tal crise que anda arrastando os dias e engolindo os ânimos, talvez seja o excesso de informação que nos enfiam goela abaixo e daí temos que mastigar, digerir e regurgitar, às vezes. Talvez sejam as nossas escolhas, nessa mania absurda de viver achando que sempre cabe mais alguma coisa. Só que não cabe. E daí nossos dias passam como maratonistas quenianos, numa corrida de obstáculos sem fim.
Quando se vê, já foi mais um dia. Quando se dá conta, já é hora de levantar.
E nessa roda de escolhas da vida, a parte do pessoal-emocional vai ficando pra trás.
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Às vezes até rola um encontro fortuito aqui, outro acolá, um sábado inteiro ao lado de alguém legal, ou uma tarde de domingo inesquecível. Mas nada além disso, porque, afinal, não sobra tempo. E o que sobra não se pode perder em devaneios para novas escolhas.Não cabe pelo simples fato que não queremos que caiba. E mesmo que caiba (porque se apertar um pouco cabe sim), há um fator decisivo: abrir mão de algo em detrimento ao outro. Porque o novo requer compromisso (palavrinha que assusta já de saída e que trava muita gente em novas tentativas), espaço e tempo. E como lidar com isso, com o tal do timming?
Daí entram todas as desculpas que se fantasiam com as vestes desse senhor: não tenho tempo, não vai dar tempo, eu não vou ter tempo, agora eu tô sem tempo... E assim a gente vai morrendo um pouquinho por dia - seja por desejar o tempo alheio, seja por negar esse tempo, mas principalmente por não se permitir ter tempo para questões elementares.
E mesma já mergulhei de cabeça no trabalho e me afundei no mar dos sem tempo só para fugir da realidade de uma separação dolorida. E me afoguei em sentimentos mal curados quando me vi, pela primeira vez na vida, com todo o tempo do mundo após uma demissão. Não havia mais viagens loucas de trabalho, reuniões intermináveis do outro lado da cidade, nem os plantões, nem as crises para gerenciar. Só havia me sobrado o tempo. Esse mesmo que me fez deixar passar pessoas interessantes, momentos que poderiam ter sido bacanas, experiências agregadoras e felizes. E depois de entender que é preciso equilibrar as escolhas e o relógio, passei a me permitir a ter tempo para viver, experimentar e ser feliz. E assim sigo.
Só que na prática nem tudo funciona assim. É raro quando os tempos que sobram coincidem e duas pessoas resolvem seguir juntas, de fato, além dos encontros fortuitos.
Há alguns dias notei, de fato, que nossos tempos não batem. Deve ser o tal do timming mesmo, porque não há falta de sentimento que justifique a distância, o silêncio e o freezer que se cria entre esses encontros. Engraçado notar que nesses momentos que estamos juntos o tempo para, o mundo para, só a gente que não!
Então eu desejo que você se encontre com o seu tempo, que reaja a ele, que tenha voz e pulso sobre ele. Que use esse tempo pra fechar, de fato, as feridas que ainda insistem em estar aí no seu peito, rasgando sua alma. O tempo cura, sim, tudo.
O tempo que faz passar dias e horas só não faz passar a vontade de você. Como lidar?
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