Há uns dias tenho escrito aqui sobre bem-estar, felicidade, mudanças significativas, etc.
No entanto, quando você está feliz, corre o risco de atrair olhares maldosos, de gente que não consegue obter o mesmo resultado, seja por incapacidade, seja por preguiça.
Acontece que a inveja corrói não só quem a sente, mas também que é invejado.
Assim como a ira, que destrói os dois lados, mesmo que um deles não esteja nem aí pro “babado”.
Ok... dá pra conviver com gente que nutre esses sentimentos, desde que sejamos muito superiores a eles e não nos deixemos entrar na mesma sintonia.
Mas dá um trabalho gigantesco...
Conviver com gente “pequena” deve fazer parte de algum tipo de provação.
Temos que estar alertas a todo o momento, driblando picos de felicidade que podem trazer a infelicidade alheia.
Ou o contrário – ter que esconder uma dor, um pesar, uma tristeza porque o outro se regozija disso.
E isso cansa.
Consome uma energia além daquela que temos pra passar o dia.
Faz a gente ficar mirabolando mil planos, mil estratégias de como viver, aonde por a felicidade ou a angústia. Passamos a agir como bonecos de cera, sem expressão alguma, porque incomodamos alguém!!!
Mais difícil ainda é quando esse “espírito de porco” faz parte da família.
Porque uma coisa é a pessoa ter atitudes erradas, falhar, cagar e sentar em cima, mas ter um coração sem o propósito de fazer o mal.
Outra é vibrar com cada erro do adversário, ser maquiavélico.
Desmoronar, com pequenas atitudes, a torre do outro, erguida com sacrifício.
Mais ainda – sofrer da tal cegueira das circunstâncias já citada aqui anteriormente.
Pessoas que não conseguem ser felizes têm o péssimo hábito de enxergar a vida de acordo com suas frustrações. Acabam pintando o seu mundo tão particular com as cores da fantasia e apoiam-se em ilusões e coisas do passado, além de criar situações embaraçosas para seus oponentes, desenvolver doenças imaginárias e uma aura capaz de fazer os mais desavisados sentirem dó.
Têm mania por limpeza, organização. São versões pirateadas de Atlas, o monstro mitológico que carregava o mundo nas costas. Têm uma paranóia constante com a ética social e moral e se cobram toda hora com o bordão “o que é que os outros vão pensar, meu Deus!”.
Gente assim não tem jogo de cintura, não sabe perder.
Não conhece também a delícia de um blefe, de uma aposta no escuro.
O pior é que essas pessoas sempre estão nos forçando a conviver com isso.
É preciso fechar olhos e ouvidos, fingir que aceita, que entende e sair de perto o mais rapidamente.
Nesses momentos a paciência se torna o item número 1 para conseguirmos chegar no amanhã sem muitos arranhões.
Mas disso tudo vale uma lição.
Mesmo vivendo em constante estado de alerta é preciso saber dosar as atitudes. É fundamental moderar, tolerar, ceder (opa! olha os sapos aí!!) e pensar muito no outro.
Senão corremos o risco de entrar no mesmo vício, fazendo do erro alheio o “start” desse ciclo interminável.
E mais: conhecer a tênue linha de fronteira de onde termina meu território e de onde começa o do outro só reforça a capacidade de entendimento de cada um.
E haja entendimento!
sábado, 17 de novembro de 2007
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
A pausa e a aceleração
Faz uma semana que não posto nada aqui.
Desde o feriado não tive descanso - primeiro a cirurgia da Leda, marcada em cima da hora, de um dia pro outro e toda a angústia e preocupação que vem junto em uma situação como essa.
Depois o Zé, que precisava de mais assistência que ela - o esgotamento físico e emocional dele também me consumiram, tanto que na segunda-feira eu não tinha forças para levantar da cama.
No entanto, mesmo com tantas coisas acontecendo, o saldo foi positivo.
A Leda teve uma cirurgia tão espetacular que foi direto pro quarto e na terça-feira já estava em casa.
Ela certamente faz parte daquele capítulo intitulado "coisas que ninguém explica"...
Porque tirar o baço e parte do pâncreas dessa vez, mais os 45% do estômago há dois anos, além de útero, ovário, glândulas mamárias e estar de pé, forte e feliz não é pra qualquer um!
Vida longa à Leda!!!
Outro fato que comprova o superávit da balança é que ter cuidado tanto do Zé valeu a pena.
Pelo menos pra mim.
Pude ficar bem perto dele num momento tão complicado e pude também ajudar.
E quanto a energia que ele me tomou, voltará de outra forma.
Foi um presente, um carinho, uma necessidade dos dois.
Isso me valeu a semana.
Assim como o recado que ele me deixou no orkut - tão cheio de protocolo, mas com uma sinceridade que chega a emocionar.
Bem... pelo menos a mim...
E diante dessas pausas da vida, tratei de acelerar minha etapa de mudanças.
Além de estar comparecendo religiosamente às aulas de pilates, fui ao dentista.
Ok, concordo. Isso pode ser uma banalidade.
Mas não pra mim.
Esta semana, mais precisamente na terça-feira, dia 6, comemorei 24 anos do acidente que quase me matou.
Ninguém imaginava que uma brincadeira de criança pudesse tranformar tanto a vida de uma pessoa.
E foi tudo tão rápido... era para ser apenas uma volta no bairro, com meu avô, meu irmão e minha bicicleta.
Um descuido de segundos.
Uma molecagem.
O cenário era devastador.
Eu estava completamente machucada e totalmente consciente, porém não conseguia entender o que havia acontecido.
Subi na bicicleta enquanto meu avô mostrava algo para o Fábio.
Olhei ladeira abaixo e achei que seria divertido descer aquilo tudo.
E fui.
Sim, eu montei na bicicleta e desci uma rampa digna de ladeira Porto Geral, só que mais comprida.
Acelerei.
Acontece que eu me assustei com a velocidade, apertei os freios e só ouvi um estalo.
O de trás estourou e eu voei longe.
Não houve pausa.
Acordei lá embaixo, sem saber se estava sonhando ou não.
O resultado da brincadeira foi um afundamento no maxilar, a perda de três dentes permanentes, mais dois quebrados no meio, uma cicatriz funda no joelho direito e várias outras espalhadas pelo corpo todo, além de um trauma que nunca mais saiu das minhas lembranças.
Assim como a imagem da enfermeira que desmaiou quando me viu.
Tinha tanto sangue em meu rosto que foi preciso uma junta médica para me limpar.
Passei o resto da minha infância e toda a minha adolescência brigando com o espelho, evitando sorrir e engolingo todas as maldades, típicas de adolescentes, pelo fato de ser "banguela". Visitava o dentista duas vezes por semana.
Minha auto-estima vivia lá embaixo e outro trauma foi crescendo.
Passei a ter pavor de dentista, bucomaxilo, ortodontista e qualquer coisa que o valha.
Era tanta gente cutucando, mechendo, pondo aparelho em minha boca que eu tinha cólicas só de saber que ia visitar mais um especialista.
Até que um santo dr. Oswaldo achou uma solução.
Passei por uma mega-cirurgia de enxerto ósseo no maxilar e tive dois pinos de titânio implantados na região.
Um ano e meio depois e mais seis cirurgias, minha boca ficou novinha em folha!
Pronto.
Meu calvário havia acabado.
Só que eu fugi durante sete anos dos dentistas e precisava voltar.
Rotina mesmo.
E agora entrego minha sorte nas mãos do dr. Marcelo.
Sem traumas, sem fantasmas.
Passei a expulsá-los um a um da minha vida.
Principalmente nesses últimos três meses, que me trouxeram tantas descobertas, tantas certezas e seguranças, tornando minhas atitudes mais tranquilas, serenas. Embora eu ainda conserve o jeito acelerado de raciocinar e exiba, com mais frequência, o sorriso conquistado a duras penas.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Sobre a morte e o morrer
O que é vida?
Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano?
O que e quem a define?
Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver". A vida é tão boa! Não quero ir embora...
Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..."
Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.
Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”
Da. Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. "Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...” Mas tenho muito medo do morrer.
O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.Mas a medicina não entende.
Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho. As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". O médico olhou-o com olhar severo e disse: "O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?".
Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. Seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.
Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, numa cama -de repente um acontecimento feliz! O coração parou. Ah, com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir seu dever: debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.
Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. Eu também, da minha forma, luto pela vida. A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer que a "reverência pela vida" é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.
Muitos dos chamados "recursos heróicos" para manter vivo um paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da "reverência pela vida". Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: "Liberta-me".
Comovi-me com o drama do jovem francês Vincent Humbert, de 22 anos, há três anos cego, surdo, mudo, tetraplégico, vítima de um acidente automobilístico. Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar. E foi assim que escreveu um livro em que dizia: "Morri em 24 de setembro de 2000. Desde aquele dia, eu não vivo. Fazem-me viver. Para quem, para que, eu não sei...". Implorava que lhe dessem o direito de morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e pelas leis, se recusassem, sua mãe realizou seu desejo. A morte o libertou do sofrimento.
Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir.
Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs.
Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
Texto publicado no jornal “Folha de São Paulo”, Caderno “Sinapse” do dia 12-10-03. fls 3.
http://www.releituras.com/rubemalves_morte.asp
Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano?
O que e quem a define?
Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver". A vida é tão boa! Não quero ir embora...
Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..."
Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.
Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”
Da. Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. "Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...” Mas tenho muito medo do morrer.
O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.Mas a medicina não entende.
Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho. As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". O médico olhou-o com olhar severo e disse: "O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?".
Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. Seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.
Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, numa cama -de repente um acontecimento feliz! O coração parou. Ah, com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir seu dever: debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.
Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. Eu também, da minha forma, luto pela vida. A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer que a "reverência pela vida" é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.
Muitos dos chamados "recursos heróicos" para manter vivo um paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da "reverência pela vida". Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: "Liberta-me".
Comovi-me com o drama do jovem francês Vincent Humbert, de 22 anos, há três anos cego, surdo, mudo, tetraplégico, vítima de um acidente automobilístico. Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar. E foi assim que escreveu um livro em que dizia: "Morri em 24 de setembro de 2000. Desde aquele dia, eu não vivo. Fazem-me viver. Para quem, para que, eu não sei...". Implorava que lhe dessem o direito de morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e pelas leis, se recusassem, sua mãe realizou seu desejo. A morte o libertou do sofrimento.
Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir.
Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs.
Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
Texto publicado no jornal “Folha de São Paulo”, Caderno “Sinapse” do dia 12-10-03. fls 3.
http://www.releituras.com/rubemalves_morte.asp
terça-feira, 30 de outubro de 2007
A tal da saudade
Ontem quando postei sobre minha sensação de paz, quis ilustrar o texto com uma foto tirada lá em Ilhéus, na fazenda São Pedro.
Escolhi uma da sede, com o rio Almada na frente, impondo sua força e vida, num dia que estava levando tudo rio abaixo.
No início da ponte dá pra ver dois homens e um cão (pra quem clica na foto a imagem é melhor). Duas figuras maravilhosas que fizeram da minha viagem uma aula sobre o que é vida.
Daí, hoje fiquei olhando para essa foto o dia todo e suspirando de saudades.
Bem, pra quem sabe dessa minha aventura deve estar se perguntando: mas saudade de que, meu Deus??
Saudades da paz daquele lugar, saudades daquela gente forte, decidida, tão disposta a superar os obstáculos da vida e que me recebeu com tanto carinho.
Saudades daquele rio, com sua correnteza tão bruta e ao mesmo com tanta vida.
Saudades da ponte cheia de "baronezas", do acarajé da pracinha, da estrada com cheiro de chocolate, do cacau colhido no pé.
Não há um dia em que eu não pense em Dom Helder.
O lugar que estou me referindo tem esse nome em homenagem a Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda que sempre priorizou a educação.
Essa comunidade fica na estrada que sai de Ilhéus e sobe sentido Itabuna, já bem perto de Uruçuca. Deve ser uns 50 minutos de carro do centro de Ilhéus.
Bem na rota do cacau.
No dia em que cheguei lá havia chovido muito, o rio Almada estava revolto, agitado. Tinha derrubado a única ponte de travessiva de pedestres que liga Banco do Pedro (a pracinha e centro comercial do lugar) à sede da fazenda.
Atravessei para o outro lado andando por cima de um tronco, com o Almada feroz logo abaixo, segurando em Nêgo Gil que, com a maior paciência do mundo, me tranquilizava a cada passo.
A recompensa da perigosa travessia veio em forma de sorrisos e de uma calorosa recepção.
Me senti princesa, querida, aguardada. Como se minha presença ali fosse de suma importância. E pensar que eu estava molhada, cheia de lama, assustada com a minha travessia. Mas fui tão bem recebida...
O abraço da Bernardete, o sorriso desconfiado do Guiga, a alegrida da Fabrine e de seu bebê (que deve estar uma mocinha!) e todos os salamaleques do Paulo.
Fui lá a trabalho, certa de que iria ensinar aos "assentados" da comunidade dicas de como falar com a imprensa e de como se referir a um dos parceiros do projeto.
Quebrei minha cara...
Aprendi, dia após dia, que quem precisava de mais conhecimento ali era eu. E não o conhecimento dos livros. Falo do ensinamento passado por gerações, dos segredos de cura por meio da natureza, de cultivo de plantas e alimentos, do respeito ao meio ambiente e aos antepassados. Isso tudo nasce com eles lá naquelas bandas, naquelas matas.
Materialização de orixás e guias, aquela gente mostrou à "Galega de São Paulo" um mundo só visto no Globo Repórter ou nas Discovery´s da vida.
E eu, dentro da minha humildade e silêncio, ouvia cada depoimento à equipe de filmagem sem precisar abrir a boca para nada. A não ser para agradecer a Deus a oportunidade de estar ali.
E a todo momento ia descobrindo mais janelas em minha alma. Enxergava cada cena como se fosse a última. Sugava a energia daquele lugar para mantê-la comigo até a próxima vez que pisasse lá.
Até que chegou a hora da despedida. Com direito a bênçãos dos guias e agradecimento dos orixás.
Saí de lá benta, pura, renovada.
Com energia suficiente para encarar este ano todo, já que ainda não tive chance voltar lá.
Toda semana olho meu álbum e penso em cada partezinha de Dom Helder: sede da fazenda, a ponte de concreto, a ponte da antiga ferrovia com suas dormentes do início do século passado, a pracinha de Banco do Pedro, no flamboiant bem na entrada da comunidade, no rio Almada e na mata, com suas orquídeas escondidas e tão belas.
Penso no Guiga e sua história de vida, no Jaíson e na Marinalva que, como Dom Helder Câmara, levam a educação e conhecimento aonde sequer podemos imaginar. Penso na Bernardete e no Moa e na parede da casa deles, cheia de símbolos da luta pela igualdade e na luta de ambos para sustentar e perpetuar aquela comunidade. Penso da capela de Nosso Senhor do Bonfim toda pintada de verde. Penso em Nêgo Gil e no seu sorrido bondoso, nas crianças da vila, nas casinhas coloridas, no refrigerante servido tão sem cerimômia na casa de Cremilda, como se eu fosse uma irmã que há muito não aparecia por lá. No acarajé oferecido pelo orixá de dona Laura e na alegria daquele povo que festeja os domingos como um dia santo.
Meu coração fica apertando diante de tantas lembranças e eu choro toda vez que me transporto para lá. Preciso voltar urgentemente...
Talvez pra consentir com a frase de Jaíson, durante um "click" de foto, num momento de descontração: "Sonhos só se tornam realidade quando juntamos nossas mãos na mesma tarefa".
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"Feliz de quem atravessa a vida inteira tendo mil razões para viver."
Dom Helder Câmara
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Bem estar bem
Há alguns dias tenho acordado com uma tranqüila sensação de bem-estar, de paz.
Credito isso ao fato de que, a partir do momento em que comecei aceitar meus obstáculos, passei a ter paz.
Quando consegui encarar a tudo isso, consegui abrir meus caminhos.
Há tempos não encarava desafios, como disse anteriormente. Assim como também há tempos não tinha essa sensação boa.
Pode ser que eu tenha descoberto realmente o meu caminho e tenha, de fato, percebido a minha maturidade.
Mas, mesmo diante das últimas tempestades que atravessei, sinto uma força incrível para seguir em frente e descobrir outros caminhos, trilhas.
E eu sinto paz. Uma paz interior que beira o silêncio de um lago ou a imensidão de um oceano.
Uma sensação estranha de dever cumprido, de tarefa pronta.
Um ímpeto de seguir em frente.
Ok... confesso que algumas notícias ajudaram nesse processo.
Não vou mentir que não fiquei feliz com a debandada do pessoal lá da Berrini. Cada um tomou seu rumo, seguiu seu chamado, seu coração. Que todos sejam muito felizes com suas escolhas!!!
Isso comprovou que eu não estava errada e sim o “sistema” que não funciona. E que minha saída de lá, tão dolorida para mim, tão difícil, embora tenha sido por vontade própria, fez algum sentido.
Agora, mais do que nunca, sei que tomei o rumo certo.
A certeza de ter feito a melhor escolha não se descreve em linhas como estas.
Virei mais uma página. Encerrei mais um capítulo.
Estou feliz. E pronto.
E os resultados podem ser comprovados tanto na minha vontade de impor mudanças na minha vida, como no retorno que tenho junto aos meus clientes.
E isso reflete também em outras áreas que andavam meio “esquecidas” ou “não aquecidas”. rs...
O meu relacionamento, por exemplo... Por pouco não vai por água abaixo.
Ouvi conselhos preciosos e precisei de uma dose extra de paciência para trazer de volta algo que estava a caminho do fim. Precisei também de disposição para assumir meus erros e consertar tudo, além da boa vontade do Zé para aceitar as mudanças e seguir novamente comigo, cada dia mais unidos.
Minha saúde, idem... ganhei quilinhos extras, um hipotireodismo, dois graus de hipermetropia e um estresse desmedido.
Pra que?
Pra me fazer acordar a tempo de corrigir tudo isso.
Acho ainda que a cegueira das circunstâncias é o pior de todos os sintomas.
Ficamos apáticos, não vemos a realidade com suas cores e nuances e não distinguimos mais os atalhos que nos levam ao acerto e ao prazer. Acabamos por viver no limite pra tudo, esperando cair aquela última gota que vai transbordar nosso copinho.
E estar no limite ou muito próximo a ele nos põe numa posição de “ou vai ou racha”.
Preferi não rachar minha cara. Preferi tirar a venda dos meus olhos e enxergar que ainda tem muito chão pela frente.
Chega.
Abracei de vez o diálogo, a compreensão.
Aprendi a dizer não sem sentir culpa.
Coloquei minhas vontades em prática, faço valer minha voz.
Já não tenho mais vergonha dos meus erros, das minhas besteiras.
Fazem parte da construção da minha história.
Sem elas não haveria crises, nem amadurecimento, nem conquistas.
Outra coisa: as lições diárias que a vida vem me ensinando têm feito um bem enorme a mim
E é só o começo.
Não vou mudar o planeta, mas tenho o poder de dar a mim mesma o destino que eu bem quiser e assim, escrever um final feliz a minha maneira.
Por isso estou realmente feliz. E pronto!
Credito isso ao fato de que, a partir do momento em que comecei aceitar meus obstáculos, passei a ter paz.
Quando consegui encarar a tudo isso, consegui abrir meus caminhos.
Há tempos não encarava desafios, como disse anteriormente. Assim como também há tempos não tinha essa sensação boa.
Pode ser que eu tenha descoberto realmente o meu caminho e tenha, de fato, percebido a minha maturidade.
Mas, mesmo diante das últimas tempestades que atravessei, sinto uma força incrível para seguir em frente e descobrir outros caminhos, trilhas.
E eu sinto paz. Uma paz interior que beira o silêncio de um lago ou a imensidão de um oceano.
Uma sensação estranha de dever cumprido, de tarefa pronta.
Um ímpeto de seguir em frente.
Ok... confesso que algumas notícias ajudaram nesse processo.
Não vou mentir que não fiquei feliz com a debandada do pessoal lá da Berrini. Cada um tomou seu rumo, seguiu seu chamado, seu coração. Que todos sejam muito felizes com suas escolhas!!!
Isso comprovou que eu não estava errada e sim o “sistema” que não funciona. E que minha saída de lá, tão dolorida para mim, tão difícil, embora tenha sido por vontade própria, fez algum sentido.
Agora, mais do que nunca, sei que tomei o rumo certo.
A certeza de ter feito a melhor escolha não se descreve em linhas como estas.
Virei mais uma página. Encerrei mais um capítulo.
Estou feliz. E pronto.
E os resultados podem ser comprovados tanto na minha vontade de impor mudanças na minha vida, como no retorno que tenho junto aos meus clientes.
E isso reflete também em outras áreas que andavam meio “esquecidas” ou “não aquecidas”. rs...
O meu relacionamento, por exemplo... Por pouco não vai por água abaixo.
Ouvi conselhos preciosos e precisei de uma dose extra de paciência para trazer de volta algo que estava a caminho do fim. Precisei também de disposição para assumir meus erros e consertar tudo, além da boa vontade do Zé para aceitar as mudanças e seguir novamente comigo, cada dia mais unidos.
Minha saúde, idem... ganhei quilinhos extras, um hipotireodismo, dois graus de hipermetropia e um estresse desmedido.
Pra que?
Pra me fazer acordar a tempo de corrigir tudo isso.
Acho ainda que a cegueira das circunstâncias é o pior de todos os sintomas.
Ficamos apáticos, não vemos a realidade com suas cores e nuances e não distinguimos mais os atalhos que nos levam ao acerto e ao prazer. Acabamos por viver no limite pra tudo, esperando cair aquela última gota que vai transbordar nosso copinho.
E estar no limite ou muito próximo a ele nos põe numa posição de “ou vai ou racha”.
Preferi não rachar minha cara. Preferi tirar a venda dos meus olhos e enxergar que ainda tem muito chão pela frente.
Chega.
Abracei de vez o diálogo, a compreensão.
Aprendi a dizer não sem sentir culpa.
Coloquei minhas vontades em prática, faço valer minha voz.
Já não tenho mais vergonha dos meus erros, das minhas besteiras.
Fazem parte da construção da minha história.
Sem elas não haveria crises, nem amadurecimento, nem conquistas.
Outra coisa: as lições diárias que a vida vem me ensinando têm feito um bem enorme a mim
E é só o começo.
Não vou mudar o planeta, mas tenho o poder de dar a mim mesma o destino que eu bem quiser e assim, escrever um final feliz a minha maneira.
Por isso estou realmente feliz. E pronto!
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Desafios e o fio da navalha
Ontem não passei por aqui e, portanto, não postei nada.
Cheguei tarde porque o Lucca teve jogo contra o clube Guapira e eu, como estou vivendo o papel de mãe-super-presente, fui prestigiar meu pequeno e seu time.
Quando pisei em casa, fui instalar minha web cam e baixar o skype (pois é... agora tb tenho skype: andrea.m.diniz) e depois fiquei namorando o Zé.
Conclusão: fui pra cama 0h30.
É aí que começa meu primeiro desafio da semana.
Quem me conhece sabe que eu só funciono após as 10h30 ou 11 horas da manhã. Levantar da cama antes das sete, e por vontade própria, só se for para ir ao banheiro e voltar correndo pro berço.
Mas hoje eu me desafiei e pulei do ninho às 6h30 e fui para a aula de Pilates.
Cheguei no horário (outros desafio para mim, que vivo brigando com o relógio) e durante uma hora fiz todos os exercícios propostos pela fisioterapeuta.
A cada série ia percebendo como eu estou endurecida. Os movimentos coordenados com a respiração pareciam inofensivos até a primeira tentativa.
Outro desafio – colocar meu corpo no eixo e deixá-lo equilibrado. E o principal: não desistir e não me sabotar (coisa que sou PhD).
Parecem desafios tão pequenos para quem leva uma louca como eu. Mas para quem há 33 anos briga com isso, não são nada fáceis!!
Mudanças não são tão “easy” assim...
Mas quando se quer mudar, parece que os obstáculos triplicam de tamanho. Tudo dá quase errado para no fim dar meio certo, e daí a gente consertar o que ficou com “defeito” (ou se acostumar a viver assim).
E no meio da minha busca por tantas mudanças, recebo a notícia de que a Leda será operada em breve.
Sensação de soco no estômago, frio na espinha. De medo também. E agora? E depois? E o Zé?
Me deparo com um paradoxo: eu impondo mudanças na minha vida e a vida impondo mudanças para a Leda.
Até onde isso vai? Não sei...
Só sei que me dói ver a Leda sambando descalça no fio da navalha, desafiando a morte e sorrindo pra vida.
Juro que eu queria ter 5% da força que ela tem e brigar com unhas e dentes por aquilo que quero e que acredito.
Juro que queria ter o poder de obrigá-la a ficar entre nós, para continuar fazendo aquela torta de frango MARAVILHOSA, que só ela sabe fazer, assim como seus tapetes, cuidando das suas orquídeas e implicando com o Zé.
Sim. Ela implica com o Zé – nenhum passo em falso dele passa desapercebido. Nada que se refere a ele escapa aos seus olhos e ouvidos.
Nem eu tenho esse poder junto ao Zé... rs...
Ela tem um magnetismo capaz de manter todos ao seu redor. E ai de quem sair de perto!!!
E hoje, após receber a notícia da cirurgia, precisei me conter para não contestar Deus. Mas respirei fundo e encostei numa parede e escrevi o que estava sentindo.
E deu nisso.
Talvez ela seja uma dos maiores exemplos de desafio para mim e para minha vida. Certamente ela está mostrando que não basta só querer viver: tem que brigar até o último minuto. Tem que ser ao mesmo tempo dura na queda e serena para enxergar o caminho a trilhar; ágil para se sobrepor ao obstáculo e tranqüila para curtir cada momento da vida; e não deixar de acreditar no seu coração sem se esquecer que no final de tudo (e seja lá qual for) Ele estará lá, aplaudindo nossa vitória.
Amiga querida: força, fé e perseverança.
Estamos todos no seu time!!!
Um beijo grande!!!!
De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar.Por isso, faça da interrupção um caminho novo, da queda, um passo de dança, do medo, uma escada, do sonho, uma ponte e da procura um encontro.
Cheguei tarde porque o Lucca teve jogo contra o clube Guapira e eu, como estou vivendo o papel de mãe-super-presente, fui prestigiar meu pequeno e seu time.
Quando pisei em casa, fui instalar minha web cam e baixar o skype (pois é... agora tb tenho skype: andrea.m.diniz) e depois fiquei namorando o Zé.
Conclusão: fui pra cama 0h30.
É aí que começa meu primeiro desafio da semana.
Quem me conhece sabe que eu só funciono após as 10h30 ou 11 horas da manhã. Levantar da cama antes das sete, e por vontade própria, só se for para ir ao banheiro e voltar correndo pro berço.
Mas hoje eu me desafiei e pulei do ninho às 6h30 e fui para a aula de Pilates.
Cheguei no horário (outros desafio para mim, que vivo brigando com o relógio) e durante uma hora fiz todos os exercícios propostos pela fisioterapeuta.
A cada série ia percebendo como eu estou endurecida. Os movimentos coordenados com a respiração pareciam inofensivos até a primeira tentativa.
Outro desafio – colocar meu corpo no eixo e deixá-lo equilibrado. E o principal: não desistir e não me sabotar (coisa que sou PhD).
Parecem desafios tão pequenos para quem leva uma louca como eu. Mas para quem há 33 anos briga com isso, não são nada fáceis!!
Mudanças não são tão “easy” assim...
Mas quando se quer mudar, parece que os obstáculos triplicam de tamanho. Tudo dá quase errado para no fim dar meio certo, e daí a gente consertar o que ficou com “defeito” (ou se acostumar a viver assim).
E no meio da minha busca por tantas mudanças, recebo a notícia de que a Leda será operada em breve.
Sensação de soco no estômago, frio na espinha. De medo também. E agora? E depois? E o Zé?
Me deparo com um paradoxo: eu impondo mudanças na minha vida e a vida impondo mudanças para a Leda.
Até onde isso vai? Não sei...
Só sei que me dói ver a Leda sambando descalça no fio da navalha, desafiando a morte e sorrindo pra vida.
Juro que eu queria ter 5% da força que ela tem e brigar com unhas e dentes por aquilo que quero e que acredito.
Juro que queria ter o poder de obrigá-la a ficar entre nós, para continuar fazendo aquela torta de frango MARAVILHOSA, que só ela sabe fazer, assim como seus tapetes, cuidando das suas orquídeas e implicando com o Zé.
Sim. Ela implica com o Zé – nenhum passo em falso dele passa desapercebido. Nada que se refere a ele escapa aos seus olhos e ouvidos.
Nem eu tenho esse poder junto ao Zé... rs...
Ela tem um magnetismo capaz de manter todos ao seu redor. E ai de quem sair de perto!!!
E hoje, após receber a notícia da cirurgia, precisei me conter para não contestar Deus. Mas respirei fundo e encostei numa parede e escrevi o que estava sentindo.
E deu nisso.
Talvez ela seja uma dos maiores exemplos de desafio para mim e para minha vida. Certamente ela está mostrando que não basta só querer viver: tem que brigar até o último minuto. Tem que ser ao mesmo tempo dura na queda e serena para enxergar o caminho a trilhar; ágil para se sobrepor ao obstáculo e tranqüila para curtir cada momento da vida; e não deixar de acreditar no seu coração sem se esquecer que no final de tudo (e seja lá qual for) Ele estará lá, aplaudindo nossa vitória.
Amiga querida: força, fé e perseverança.
Estamos todos no seu time!!!
Um beijo grande!!!!
De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar.Por isso, faça da interrupção um caminho novo, da queda, um passo de dança, do medo, uma escada, do sonho, uma ponte e da procura um encontro.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Pilates e eu em partes
Primeira palavra que vem à cabeça: dor!!
Fiz minha primeira aula de Pilates hoje.
Primeira de muitas, espero!
Aliás, descobri músculos que nem sequer sonhava que existiam.
Mas existem e estão doendo!!
Principalmente o da barriga, costas, pernas...
Por isso vou dormir...
Mas antes deixo a letra da música que batiza esse blog.
Um beijo e boa Noite!!!
PS1: como disse anteriormente, acho que engoli uns 18 brejos somente neste mês (que ainda não acabou). No entanto, hoje passei incólume.
PS2: a foto que ilustra esse post foi tirada em Recife, em cima da cama do hotel da praia de Boa Viagem. Talvez essa seja uma das janelas na minha alma.
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Don't Wait Too Long
Madeleine Peyroux
You can cry a million tears
You can wait a million years
If you think that time will change your ways
Don't wait too long
When your morning turns to night
Who'll be loving you by candlelight
If you think that time will change your ways
Don't wait too long
Maybe I got a lot to learn
Time can slip away
Sometimes you got to lose it all
Before you find your way
Take a chance, play your part
Make romance, it might brake your heart
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long
It may rain, it may shine
Love will age like fine red wine
But if you think that time will change your ways
Don't wait to long
Maybe you and I got a lot to learn
Don't waist another day
Maybe you got to lose it all
Before you find your way
Take a chance, play your part
Make romance, it might brake your heart
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long
Don't wait
Hmm... Don't wait
Sobre sapos e príncipes
Bem, acabei de chegar em casa depois de voltar lá do Zé (o único príncipe do texto), pegar o Lucca, ir ao McDonald´s e enfrentar um temporal daqueles...
Como disse anteriormente, hoje começa essa nova fase.Nova porque isso aqui é bem novo pra mim.
Logo eu, que sempre olhei pros blogs com olhos desconfiados, acabei cedendo.
É a vida...
Aliás, a vida é um mar de concessões.
Se você não cede, pelo menos um pouquinho, corre o risco de ir ficando para trás, de ser taxado de teimoso, cabeça-dura, ou simplesmente, ficar sozinho.
Não que tenhamos que, a partir de amanhã, dizer “amém” pra tudo e todos.
Não. Não é isso.
Somos pessoas únicas, ímpares e completamente diferentes umas das outras. Temos idéias e estilos e gostos que nos diferenciam, nos marcam e, ao mesmo tempo, nos aproximam de semelhantes.
Sim, porque temos semelhantes. Embora esses também tenham lá suas idéias que nem sempre batem com as nossas.
Enfim, mas o que nos faz continuar tendo relações, sejam elas no trabalho, em casa, a vizinhança, no clube, com o namorado, são as concessões diárias.
Um dia nós, noutro, os outros.
É a nossa habilidade para ter jogo de cintura que nos mantém no controle da situação, além da habilidade de argumento, discernimento para entender cada caso e, inegavelmente, a habilidade de engolir sapos de todas as espécies.
Costumo dizer que as pessoas ultimamente têm uma garganta bem estreita.
Ir para casa após engolir um belo e rechonchudo sapo é uma arte.
Seguimos em silêncio, pensativos, imaginando se tivéssemos “dito isto ou aquilo” ou meia dúzia de verdades... se tivéssemos ofendido, magoado, agredido.
Mas, por uma decisão qualquer, cedemos. E o bendito sapo ficou lá, entalado.
Acontece que tem dias que o tal desce redondo e nos dá uma sensação de bem-estar, alívio ou coisa parecida. Nessas horas percebemos que fizemos um bem danado a alguém. É como se, ao tocarmos, o sapo virasse príncipe.
Talvez porque naquele momento o outro nem tivesse razão, mas precisasse dela (há dias em que precisamos ter um pouco de razão, caso contrário desistiríamos na primeira oportunidade).
Só não vale engolir um brejo por dia, porque daí vira vício, autopiedade, baixa auto-estima ou palhaçada mesmo. Nem tentar enfiar goela abaixo um brejo no próximo. Daí vira opressão, egoísmo, safadeza da brava.
O que vale, se é que exista uma receita perfeita, é dosar a necessidade e conversar. Sempre. Muito. De coração e de verdade.
E a partir daí, se a “degustação” for inevitável, escolha um “pingo de ouro”, o menor sapo do mundo, e vá pra casa com a certeza de que podia ter sido bem pior se fosse um sapo boi.
PS: este mês, excepcionalmente, devo ter engolido uns dezoito brejos, entre os meus e os alheios. Mas passa.
Como disse anteriormente, hoje começa essa nova fase.Nova porque isso aqui é bem novo pra mim.
Logo eu, que sempre olhei pros blogs com olhos desconfiados, acabei cedendo.
É a vida...
Aliás, a vida é um mar de concessões.
Se você não cede, pelo menos um pouquinho, corre o risco de ir ficando para trás, de ser taxado de teimoso, cabeça-dura, ou simplesmente, ficar sozinho.
Não que tenhamos que, a partir de amanhã, dizer “amém” pra tudo e todos.
Não. Não é isso.
Somos pessoas únicas, ímpares e completamente diferentes umas das outras. Temos idéias e estilos e gostos que nos diferenciam, nos marcam e, ao mesmo tempo, nos aproximam de semelhantes.
Sim, porque temos semelhantes. Embora esses também tenham lá suas idéias que nem sempre batem com as nossas.
Enfim, mas o que nos faz continuar tendo relações, sejam elas no trabalho, em casa, a vizinhança, no clube, com o namorado, são as concessões diárias.
Um dia nós, noutro, os outros.
É a nossa habilidade para ter jogo de cintura que nos mantém no controle da situação, além da habilidade de argumento, discernimento para entender cada caso e, inegavelmente, a habilidade de engolir sapos de todas as espécies.
Costumo dizer que as pessoas ultimamente têm uma garganta bem estreita.
Ir para casa após engolir um belo e rechonchudo sapo é uma arte.
Seguimos em silêncio, pensativos, imaginando se tivéssemos “dito isto ou aquilo” ou meia dúzia de verdades... se tivéssemos ofendido, magoado, agredido.
Mas, por uma decisão qualquer, cedemos. E o bendito sapo ficou lá, entalado.
Acontece que tem dias que o tal desce redondo e nos dá uma sensação de bem-estar, alívio ou coisa parecida. Nessas horas percebemos que fizemos um bem danado a alguém. É como se, ao tocarmos, o sapo virasse príncipe.
Talvez porque naquele momento o outro nem tivesse razão, mas precisasse dela (há dias em que precisamos ter um pouco de razão, caso contrário desistiríamos na primeira oportunidade).
Só não vale engolir um brejo por dia, porque daí vira vício, autopiedade, baixa auto-estima ou palhaçada mesmo. Nem tentar enfiar goela abaixo um brejo no próximo. Daí vira opressão, egoísmo, safadeza da brava.
O que vale, se é que exista uma receita perfeita, é dosar a necessidade e conversar. Sempre. Muito. De coração e de verdade.
E a partir daí, se a “degustação” for inevitável, escolha um “pingo de ouro”, o menor sapo do mundo, e vá pra casa com a certeza de que podia ter sido bem pior se fosse um sapo boi.
PS: este mês, excepcionalmente, devo ter engolido uns dezoito brejos, entre os meus e os alheios. Mas passa.
domingo, 21 de outubro de 2007
Primeiro dia...
Hoje começa essa nova fase.
Mas tarde vou iniciar, de fato, a brincadeira.
Agora vou lá pro Zé.
Beijos e até mais!!
Mas tarde vou iniciar, de fato, a brincadeira.
Agora vou lá pro Zé.
Beijos e até mais!!
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