domingo, 24 de agosto de 2008

Por um momento


Ontem tive um dia cheio.

Acordei mais cedo do qe o habitual para um sábado e fui com o Lucca até o Poupa Tempo para tirar a segunda via do RG, já que ele havia perdido a carteira.

Quando acabamos, decidimos ir andando até o bairro da Liberdade porque ele há muito tempo havia me pedido para ir conhecer.

Dia frio, nublado e nós dois lá, andando pela Praça da Sé, passando pela Catedral, olhando o marco zero da cidade.

Os olhinhos verdes dele não paravam - aquela ansiedade de criança é mesmo contagiante.

Enfim chegamos.

Primeira parada foi no McDonald´s porque ele não quis arriscar ir direto ao restaurante japonês. Depois de sua refeição seguimos andando pelas ruas e lojinhas lotadas.

É incrível como o sangue fala mais alto. O Lucca é neto de japonês. Acho que pertence à segunda geração nascida no Brasil. E ele tem paixão por tudo o que vem de lá. É como um chamado.

Ontem ele se realizou. Dizia que estava na "pátria" dele.

Compramos uma faixa, com dizeres em japonês (claro!!), que ele amarrou na cabeça. Continuamos andando e os japoneses mais velhos olhavam para ele e sorriam, como se soubessem que ele "veio" de lá. Alguns passavam a mão pelos cabelos dele. Me senti orgulhosa.

Quando chegamos ao restaurante que eu havia escolhido veio a catarse...

Aquilo me lembra ChinaTown, Pequim ou Tóquio. Não sei... nunca estive nesses lugares. Mas me senti estrangeira em meu próprio País. Mas isso não me incomodou.

Deixei o Lucca numa mesa próximo ao balcão aonde estava acomodada a comida, peguei meu prato e segui olhando pra ele, sem que ele me notasse.

Com a maior naturalidade ele amarrou novamente a faixa na cabeça e o ritual de japonesinhos sorrindo pra ele continuou. Assim como, com a maior desenvoltura pediu um par de hashis para o garçom.

Voltei para a mesa e ele sorriu para mim e pediu meus sashimis.

Divimos meu almoço.

Pausa para explicar o ambiente: o restaurante é um "quilão" que antigamente só servia comida oriental. Hoje tem até feijoada para matar a fome dos orientais. O salão é muito amplo, mas mesmo assim as mesas são coladas umas nas outras. Há também um senhor - japonês - que se apresenta cantando músicas em inglês, geralmente sucessos americanos açucarados e clássicos. Enquanto caminhava para a mesa ele cantou Raindrops fallin on my head.

Voltando à narrativa...

Separei os sashimis de salmão para ele e deixei os tofus do missoshiro também. Sentamos lado a lado para ele se entender com os hashis. Naquele momento o cantor iniciava Sing in the rain, mais pro estilo do Jamie Cullon do que pro Sinatra e daí eu me emocionei.

Meus olhos encheram d´água e eu calei. O Lucca olhou pra mim e perguntou porque eu estava emocionada. Respondi apenas que impossível descrever o que eu sentia naquele momento e ele talvez não tenha compreendido, mas respeitou meu sentimento e entrelaçou seus dedos com os meus e me abraçou sorrindo.

Se eu pudesse, teria congelado aquele instante. As lágrimas rolaram e pude entender que somente o tempo traz os melhores presentes.

Estar realizando uma vontade dele, ensinando coisas simples, contando histórias complexas e sendo compreendida é fabuloso.

Meu filho é, sem dúvida, o melhor presente da minha vida.

Por isso eu digo e repito a ele todos os dias: obrigada por ser meu filho. Obrigada por ter me escolhido para ser sua mãe.

E, como escrevi em seu depoimento no orkut, reescrevo aqui:


Lucca,

Você é a minha estrelinha-guia!!

Meu norte, meu caminho nem sempre reto, mas simplesmente maravilhoso.

Obrigada por me dar tanto amor, obrigada por ter me escolhido para ser sua mãe, obrigada por ser meu filhinho!!!

Obrigada por me ensinar tantas coisas, obrigada por me fazer sentir viva novamente, por me tornar um pessoa melhor.

Você é o melhor presente que a vida poderia me dar!!

Que a nossa relação seja mais do que somente "mãe-e-filho" e sim que a gente consiga ser cada dia mais amigos e ter cada vez mais confiança um no outro!!

Um beijo da sua maior fã,

Mamãe

Um comentário:

dezinhaf@hotmail.com disse...

Kika, chorei lendo este post. Depois que a gente é mãe, muda alguma coisa dentro da gente. Tudo fica mais colorido. E coisas que antes eram simples, adquirem valor inestimável. Chorei mesmo, pq me senti como vc, me coloquei no seu ligar e tenho certeza que teria a mesma reação. Beijos, Dê Cris