Bem, para quem ainda não sabe, sou mãe-solteira do Lucca, um moleque lindo, que tem nove anos e meio.
Durante muito tempo esse título me incomodou bastante, afinal, era o atestado de que alguém não quis nem a mim, nem ao meu filho. Também, durante muito tempo, eu carreguei essa missão como um ranso, como uma forma negativa comigo mesma, porém nunca com o Lucca!.
Mas com o passar dos anos, fui percebendo que ser "pãe" (pai e mãe ao mesmo tempo) era muito mais o que um fardo: era a maior responsabilidade que alguém pode ter. Daí comecei a encarar essa tarefa com mais amor ainda.
Que a mãe tem muito mais influência na vida dos filhos, isso ninguém contesta. Que a presença masculina do pai é fundamental, idem. Mas de que adianta tudo isso se os valores que passamos não condizem com aquilo que somos?
Hoje em dia tenho percebido pais que preferem que seus filhos sejam maquiavélicos e competitivos para se sobressairem entre os outros. E os valores como o bom caráter e a honestidade desceram ladeira abaixo.
Essas pessoas usam suas crianças para satisfazerem seus próprios egos, para suportar frustrações, limitações, para realizar sonhos. E daí que a criança acaba se tornando a sombra da escuridão de seus pais. Depois, mais tarde, um adulto ambicioso e talvez um ser humano desprovido de emoções verdadeiras.
Tanto que não existe frase mais verdadeira do que a "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". É a Raposa falando sobre a verdade, no livro o Pequeno Príncipe.
Por isso nunca escondi nada do Lucca. Sempre procuro explicar de uma maneira que ele, no alto de seus nove anos, entenda. Por pior que seja a situação, ele está sempre por dentro.
Não quero um filho alienado.
Quero alguém que entenda que ser pai-e-mãe nem sempre (ou quase nunca) é fácil. É não ter respostas na ponta da língua sobre a anatomia masculina diante de perguntas como "por que meu pipi cresce toda manhã?". Ou então, ser surpreendida com um "mãe, você tá com aquelas dorzinhas de barriga de mulher?", se referindo à TPM, diante de um choro meu ou de um momento de ira.
Sim. O Lucca já aprendeu a ler os sinais.
Talvez porque eu converse muito com ele, às vezes me deparo com uma criança que argumenta diante de nãos ou diante de alguma solicitação que não lhe agrade. Ele esgota as possibilidades com fatos, argumentos, motivos. Não faz manha, nem malcriação. Expõe aquilo que pensa. Ele reforça sua vontade com discursos seguros e coerentes.
E eu me assusto porque vejo que ele se distancia quilômetros de seus coleguinhas com essas atitudes. Mas não deixa de ser uma criança que adora brincar, adora os desenhos da tevê, que empina pipa, anda bicicleta, de skate, cai e se rala todo, volta chorando e que, como num passe de mágica, depois de um beijo e de um afago, esquece tudo e volta para a brincadeira.
Mas o Lucca é especial. Talvez porque tenha sido criado no meio de adultos ou porque tem uma "pãe" maluca, que quer vê-lo crescer como um cara legal, honesto, ele procura sempre saber de tudo, mesmo que a conversa seja de "gente grande".
Lembro bem do dia que eu tatuei seu nome no meu pulso esquerdo e cheguei para buscá-lo no futebol e ele teve uma explosão de alegria, largando o jogo e correndo para me abraçar. Afinal, ele achava que seria o único aluno da escola que teria uma mãe tatuada com o nome do filho. E todo mundo na escola ficou sabendo da tatuagem.
Meu filho sabe o que foi (ou ainda é) a tal crise financeira mundial porque ao ouvir uma notícia no rádio, às 6h40, no caminho pra escola me perguntou sobre o assunto. E eu tive que rebolar pra ser o mais clara possível. Ao fim da explicação, veio a observação: "então foi por isso que você perdeu o emprego?". Respondi que foi indiretamente por conta disso, mas que tinha a ver.
Na hora do almoço, ao chegar em casa, ele pegou seu cofrinho, lotado de moedas, colocou sobre a mesa e veio com mais uma pérola: "pra te ajudar a manter a casa e comprar comida".
E eu desabei, orgulhosa por saber que estou cativando eternamente alguém que vê em mim um exemplo de luta, de dedicação.
Outro exemplo: quando voltei derrotada do Fórum, com uma pensão alimentícia ridícula decretada por um juiz que sequer leu o processo, o Lucca me perguntou o que havia acontecido. E eu contei a verdade, que o pai dele tinha ludibriado o juiz para pagar uma pensão bem pequena. Ele, aos prantos, respondeu que não era pra eu ficar triste porque sabia que eu fazia todos os dias o meu melhor, que dava tudo pra ele, que deixava de comprar pra mim pra dar pra ele, e que ele tinha orgulho de ter uma mãe como eu.
Neste dia ouvi a coisa mais linda do mundo, que fez com que eu passasse a me orgulhar muito de ser mãe-solteira, de ser, assim, guerreira, leoa - sem falsa modéstia.
Porque educar um filho é mais do que uma obrigação: é um ato de amor para uma criança que vai ser a concretização do futuro. E se eu quero um mundo melhor, que seja através dos valores que estou passando ao Lucca - seja nas nossas intermináveis conversas debaixo do edredon, antes de dormir, seja quando estamos brincando, seja diante de um gesto, em silêncio.
Por isso, hoje deixo aqui os parabéns pelo Dia dos Pais à todas as mães que, assim como eu, têm essa missão maravilhosa de formar pessoas sem o apoio de um pai.
Meninas, nós somos "PÃES" M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S!!!!
Durante muito tempo esse título me incomodou bastante, afinal, era o atestado de que alguém não quis nem a mim, nem ao meu filho. Também, durante muito tempo, eu carreguei essa missão como um ranso, como uma forma negativa comigo mesma, porém nunca com o Lucca!.
Mas com o passar dos anos, fui percebendo que ser "pãe" (pai e mãe ao mesmo tempo) era muito mais o que um fardo: era a maior responsabilidade que alguém pode ter. Daí comecei a encarar essa tarefa com mais amor ainda.
Que a mãe tem muito mais influência na vida dos filhos, isso ninguém contesta. Que a presença masculina do pai é fundamental, idem. Mas de que adianta tudo isso se os valores que passamos não condizem com aquilo que somos?
Hoje em dia tenho percebido pais que preferem que seus filhos sejam maquiavélicos e competitivos para se sobressairem entre os outros. E os valores como o bom caráter e a honestidade desceram ladeira abaixo.
Essas pessoas usam suas crianças para satisfazerem seus próprios egos, para suportar frustrações, limitações, para realizar sonhos. E daí que a criança acaba se tornando a sombra da escuridão de seus pais. Depois, mais tarde, um adulto ambicioso e talvez um ser humano desprovido de emoções verdadeiras.
Tanto que não existe frase mais verdadeira do que a "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". É a Raposa falando sobre a verdade, no livro o Pequeno Príncipe.
Por isso nunca escondi nada do Lucca. Sempre procuro explicar de uma maneira que ele, no alto de seus nove anos, entenda. Por pior que seja a situação, ele está sempre por dentro.
Não quero um filho alienado.
Quero alguém que entenda que ser pai-e-mãe nem sempre (ou quase nunca) é fácil. É não ter respostas na ponta da língua sobre a anatomia masculina diante de perguntas como "por que meu pipi cresce toda manhã?". Ou então, ser surpreendida com um "mãe, você tá com aquelas dorzinhas de barriga de mulher?", se referindo à TPM, diante de um choro meu ou de um momento de ira.
Sim. O Lucca já aprendeu a ler os sinais.
Talvez porque eu converse muito com ele, às vezes me deparo com uma criança que argumenta diante de nãos ou diante de alguma solicitação que não lhe agrade. Ele esgota as possibilidades com fatos, argumentos, motivos. Não faz manha, nem malcriação. Expõe aquilo que pensa. Ele reforça sua vontade com discursos seguros e coerentes.
E eu me assusto porque vejo que ele se distancia quilômetros de seus coleguinhas com essas atitudes. Mas não deixa de ser uma criança que adora brincar, adora os desenhos da tevê, que empina pipa, anda bicicleta, de skate, cai e se rala todo, volta chorando e que, como num passe de mágica, depois de um beijo e de um afago, esquece tudo e volta para a brincadeira.
Mas o Lucca é especial. Talvez porque tenha sido criado no meio de adultos ou porque tem uma "pãe" maluca, que quer vê-lo crescer como um cara legal, honesto, ele procura sempre saber de tudo, mesmo que a conversa seja de "gente grande".
Lembro bem do dia que eu tatuei seu nome no meu pulso esquerdo e cheguei para buscá-lo no futebol e ele teve uma explosão de alegria, largando o jogo e correndo para me abraçar. Afinal, ele achava que seria o único aluno da escola que teria uma mãe tatuada com o nome do filho. E todo mundo na escola ficou sabendo da tatuagem.
Meu filho sabe o que foi (ou ainda é) a tal crise financeira mundial porque ao ouvir uma notícia no rádio, às 6h40, no caminho pra escola me perguntou sobre o assunto. E eu tive que rebolar pra ser o mais clara possível. Ao fim da explicação, veio a observação: "então foi por isso que você perdeu o emprego?". Respondi que foi indiretamente por conta disso, mas que tinha a ver.
Na hora do almoço, ao chegar em casa, ele pegou seu cofrinho, lotado de moedas, colocou sobre a mesa e veio com mais uma pérola: "pra te ajudar a manter a casa e comprar comida".
E eu desabei, orgulhosa por saber que estou cativando eternamente alguém que vê em mim um exemplo de luta, de dedicação.
Outro exemplo: quando voltei derrotada do Fórum, com uma pensão alimentícia ridícula decretada por um juiz que sequer leu o processo, o Lucca me perguntou o que havia acontecido. E eu contei a verdade, que o pai dele tinha ludibriado o juiz para pagar uma pensão bem pequena. Ele, aos prantos, respondeu que não era pra eu ficar triste porque sabia que eu fazia todos os dias o meu melhor, que dava tudo pra ele, que deixava de comprar pra mim pra dar pra ele, e que ele tinha orgulho de ter uma mãe como eu.
Neste dia ouvi a coisa mais linda do mundo, que fez com que eu passasse a me orgulhar muito de ser mãe-solteira, de ser, assim, guerreira, leoa - sem falsa modéstia.
Porque educar um filho é mais do que uma obrigação: é um ato de amor para uma criança que vai ser a concretização do futuro. E se eu quero um mundo melhor, que seja através dos valores que estou passando ao Lucca - seja nas nossas intermináveis conversas debaixo do edredon, antes de dormir, seja quando estamos brincando, seja diante de um gesto, em silêncio.
Por isso, hoje deixo aqui os parabéns pelo Dia dos Pais à todas as mães que, assim como eu, têm essa missão maravilhosa de formar pessoas sem o apoio de um pai.
Meninas, nós somos "PÃES" M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S!!!!
2 comentários:
Andréa...
Parabéns pelo dia das "Paes", não é atrasado é de prósito, para gente como vc data é irrelevante. Karaca, quanta fibra... quando eu crescer quero ser como vc!!!
Beijos para vc e pro Lucca.
Passe lá no blog minha inspiração para o último texto! Beijo e parabéns por vc ser tão diferente do exemplo que postei!
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