Há dias o Lucca vem pedindo para que eu assine um programa de créditos em um site da Disney, o Club Penguim, para que ele possa acessar todo o conteúdo do Portal.
Até uma semana atrás o valor era em dólares e agora passou a ter a opção para o "Brazil" em reais. O valor? R$ 84,00 por ano no cartão de crédito internacional.
Pensando bem é pouco, se formos pensar na diversão do meu pequeno (que me demanda muito mais por ano!!).
No entanto eu disse NÃO. E ele ficou furioso, é claro.
Tentou me convencer de todas as formas, com todos os argumentos (e olha que ele é bom nisso!!), mas ponderei que nesse momento não dá. No final ele chorou e disse que ia ser o único da turma a não ter acesso em todo o portal.
O coração de mãe apertou, afinal, que mãe que gosta de ver seu filho chorar?! Mas me mantive firme na decisão. Não é não e ponto final (com um colinho e um dengo também).
Pouco depois ele já estava brincando com outras coisas e me pedindo outras coisas também.
Criança é assim mesmo: pede, pede, pede até não poder mais. Pede até conseguir o que quer. Pede até ouvir um não.
Gente grande também é assim, porém, sem o brilho da infância: pedimos inconscientemente (?) o tempo todo. Aliás, quem aqui não levou um NÃO da vida, por favor, deixe um cometário contando o fato!!
Tem gente que pede coisas materiais. Tem gente que pede atenção, sentimento, entrega... tanta coisa que nem cabe aqui a lista. Nos dois casos muitas vezes o NÃO é inevitável.
Por exemplo: conheço uma pessoa que, certa vez, comprou um anel igual ao meu. Acontece que o dela estragou sei lá porque, e agora, toda vez que ela me vê com o meu anel, ela tenta tirar da minha mão e pede pra ela!! E toda vez eu digo educadamente que não vou dar. Decidi que nunca mais usaria a bijouteria na presença dessa pessoa.
Já, no segundo caso, posso dizer que me encaxei muitas vezes. E certamente ainda vou me encaixar muitas mais.
Existem os NÃOS corriqueiros, daqueles que a gente simplesmente fala e não causa nenhum infortúnio:
"O senhor aceita mais vinho?", pergunta o garçon ao cliente.
"Não, obrigado", responde o cliente.
Um outro tipo são os NÃOS pensados, frutos de uma decisão diante de uma situação mais séria:
"Fulano Augusto, você ainda me ama?"
"Não, Ciclana Renata. Não te amo mais!"
Porém, existem certos NÃOS que machucam, magoam. São os NÃOS velados, ditos em silêncio, proferidos com olhares gelados. Não chegam a ser um NÃO, mas uma negativa a todas as expectativas. E eu, depois de vivenciar isso por tantos anos, sofrendo diante de uma pessoa que é uma Esfinge encarnada, resolvi que NÃO iria mais tentar decifrá-la e, assim, NÃO me desgastaria mais. Se vai funcionar? Não sei. Só o tempo dirá.
Por fim, tem o NÃO-COM-SORRISO que, dito tão com jeitinho, deixa até o freguês feliz:
"Fulanto Carlos, vamos sair esse fim de semana?"
"Poxa, Ciclana Jéssica, eu adoraria. Mas tenho que cuidar da minha avó, e se der eu te ligo..."
E daí a gente saí com um NÃO no meio da cara, mas cheia de compaixão e esperança.
Deixando as brincadeiras e exemplos de lado, fica aqui a lição da importância do NÃO. Em todos os casos estabeleceram-se limites, esclareceram-se situações e desenharam-se escolhas. Crescemos ou empacamos diante de um NÃO. Por mais que NÃO tenha sido fácil, por mais que a gente NÃO desista.
E por falar nisso, tenho certeza de que o Lucca não desistiu. Só vai esperar o momento certo para me abordar de novo.
Um comentário:
Querida, mt bom...
Como é difícil dizer não hein??
Mas o mais difícil é dizer não para nós mesmas, quando sabemos que é a melhor saída, porém teimamos em sentir um pouco mais do gosto doce que logo se transforma em fel...
Como dizia o sábio - há coisas que são doces para a língua, mas amargas para o coração!
bjs
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