sexta-feira, 27 de novembro de 2009

L.E.R.


Estou sofrendo de L.E.R. - lesão por esforço repetitivo.


Há anos venho fazendo o mesmo movimento, da mesma forma, várias vezes por dia. Como percebi que a coisa começou a ficar insuportável de uns tempos pra cá (cerca de seis meses), passei a mudar uma coisinha aqui, outra acolá. Mas os paliativos não estão me levando a lugar algum.


Portanto, só me restam duas alternativas que, diga-se de passagem, se complementam. A primeira é parar com o maldito movimento e a segunda é tratar o que ainda dá pra ser tradado. Porque, diferente das lesões físicas, musculares, que muitas vezes não se recuperam, a minha é emocional e pode ser tratada.


Sofro de L.E.R. emocional. Tenho fibromialgia na alma.


Já me dói só de imaginar que eu terei que fazer algum movimento no mesmo sentido que ontem, anteontem, semana passada, mês passado. Estender a mão para quem não quer ajuda faz doer não só o meu braço, como pesa em minha alma. Fazer pelo outro e não ser percebida tem me machucado constantemente. E olha que a pessoa precisa de ajuda...


De certa forma, eu acabei de acostumando com a dor porque sabia que era passageira. Mas daí a passar um semestre nisso já é demais! Saiu do meu controle. Porém, o mais engraçado é que quanto mais se atinge o ponto inflamado, mais distante parece a dor. Chega a ser paradoxal, eu sei.


Já não consigo mais distinguir aonde dói. Tem horas que parece uma pancada qualquer, dessas que a gente dá na quina da mesa ou na porta só por ser estabanado. Tem horas que é lancinante e me paralisa. Mas em ambos os casos a culpa ainda é minha - seja por ser afoita e querer fazer tudo correndo, atropelando momentos, passando por cima do relógio emocional da(s) pessoa(s), seja por ainda ouvir um coração que bate em descompasso com a realidade.


É fato. Esses movimentos que tanto me machucam já são automáticos. Desconfio que os repito há mais tempo do que imagino, por isso a coisa já ficou crônica. E cada vez que uma necessidade de alongamento de sentimentos se faz necessária, julgo que sentirei dor e me retraio. Sem ao menos saber se será danoso ou não.


Como disse antes, preciso tratar essa lesão com urgência. Daqui a pouco terei virado uma estátua fria, sem emoções, sem capacidade de movimentos sutis (em busca de sentimentos igualmente sutis).


Cheguei mesmo ao meu limite.


E só descobri isso porque me restou apenas o movimento do pescoço para olhar para trás e ver que fiz tudo errado. De novo.

4 comentários:

Michelle Freitas disse...

Andrea,

Bravo, bravíssimo! Adoro seus textos!

Michelle Freitas

Francisco disse...

Ah, Andréa!
Como entendo você...!
Quando menos esperamos, a "L.E.R." está instalada em alguma parte do nosso corpo. Muitas vezes, o coração é o orgão mais atingido, e onde dói mais.
Fisioterapia? Claro que sim...! E sou adepto de métodos alternativos também! rsrs
Meio confuso o meu comentário, não é? KKKKKKKKKK Outro dia explico!
Beijãozão!

Dom .A. disse...

Ólá, moça. Tudo bem? Obrigado pela visita!

"O tempo urge e a Sapucaí é grande". Devemos nos amar em primeiro lugar e aprender com os erros do passado para construir um novo caminho. Só depende de você!

Bj

*Escreve divinamente bem!

Carolina Filipaki disse...

Puts! Acho que não há nada melhor que puts para dizer que algo ficou ótimo, bateu com o que penso, foi inesperado!
Adorei!
Esta LER na alma é a que mais maltrata, pois não tem remédio ou tratamento. Ela cura-se sozinha ou permanece, incômoda, para sempre... Mas nem por isso podemos deixar de nos movimentar, tentar algo novo e menos dolorido!