Mesmo no meio de tanto barulho, sempre busquei o silêncio.
Não um canto silencioso, mas um cômodo quieto dentro de mim.
Sempre fui assim.
Todas as vezes que tinha um problema não ficava alardeando aos quatro ventos. Pelo contrário: ria para os outros e chorava para mim.
Sempre que precisava me decidir por algo, por alguém ou por alguma coisa, me refugiava em mim mesma. E sempre fazia a escolha errada. Diziam que eu pensava muito.
Na verdade, me acostumei a ter que pensar sozinha, agir sozinha, resolver sozinha, viver sozinha. Mesmo que ladeada de muita gente.
Uma década se passou num estalar de dedos e eu continuei só, me escondendo dentro de mim mesma.
E todas as vezes, nesses últimos anos, que eu precisei de alguém além de mim, não te achei. Você estava (e está) sempre indisponível.
É sempre o sinal de ocupado ou o longo tocar até cair a linha.
E eu continuo aqui, comigo mesma, sozinha.
Hoje me procurei e qual não foi a minha surpresa ao ver que eu também já não estava mais lá.
Alguém havia me puxado para fora e, agora, eu via a vida.
Sozinha, como sempre.
Hoje também me disseram que eu pareço um polvo, com minhas ventosas grudadas em paredes e chão. Fui pra casa pensando nisso e resolvi discordar (dessa pessoa que eu tanto adoro).
Não sou um polvo.
Talvez hoje eu seja uma ostra grudada numa pedra ou num coral qualquer.
Posso não sair do lugar, mas escondo pérolas que um dia ainda serão descobertas e valorizadas.
Porque não cabe o que tem de bom dentro de mim.
Um comentário:
que tal mostrar suas pérolas para o mundo?
:o)
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