terça-feira, 17 de março de 2009

Dar embora*.


Depois da mudança propriamente dita dos meus pais, passamos a efetuar outra aqui em casa.

Essa, porém, é nossa, e implica não só em valorese atitudes, mas na parte prática da coisa também.

Por isso, começamos a tirar dos armários aquilo que não queremos mais, roupas que não usamos, documentos que não têm mais validade, etc e tal.

Acontece que sobraram certas coisinhas dos meus pais por aqui... e essa tarefa foi realmente árdua para se concluir.

Bem, aqui no apartamento, temos um banheiro de empregada (que foi desativado há muito tempo) e um quarto de empregada que servia para acomodar desde uma geladeira, tábua de passar roupas, roupas para passar, brinquedos do Lucca e muita, mas muita tranqueira.

Durante duas semanas eu e o Fábio tiramos aos poucos aquilo que não nos interessava.

Lotei meu carro três vezes e levei tudo para o C.O.T.I.C., uma entidade que atente crianças órfãs e com problemas como hidrocefalia, paralisia cerebral, etc.

Faltava ainda a arrumação dos brinquedos do Lucca...

E eis que sexta-feira 13, logo após o almoço, dei início nesta "aventura". Acabei no sábado, às 17h, quando novamente enchi meu carro com os donativos.

Juro que não sabia que meu filho tinha tantos brinquedos. Juro também que fiquei com raiva de mim mesma por isso. Me bateu um sentimento de culpa imenso por ver toda aquela extravagância. Ou exagero, como preferirem.

Me dei conta que na minha ansiedade de suprir todas as necessidades (será????) do filho único da mãe solteira, acabei enveredando por um caminho de excessos e de consumismo. Aliás, a família inteira foi nessa onda também.

Conclusão: demos brinquedos intactos como trenzinhos (tipo Ferrorama), Laptop da HotWheels, coleções inteiras dos brindes do McDonald´s (que eu ganhava da agência em que trabalhava), bonequinhos, joguinhos, revistas Genius, Recreio, livros de história, CD´s com histórias narradas em português e em inglês. Sem contar os bichos de pelúcia que partiram dentro de duas cestas de vime (daquelas tipo cesta natalina enorme).

Enfim... levei tudo para o C.O.T.I.C. ontem e pude perceber a cara de espanto do pessoal de lá ao me ver pela 4a vez em poucos dias (e com tantas doações). Só sei que quando sai de lá tive a sensação de dever cumprido - por ter doado coisas que não usava e por ter escolhido quem realmente necessita daquilo tudo para receber os donativos.

Agora a casa tem mais espaço e o Lucca ainda tem um monte de brinquedos. Mas ele também percebeu que o excesso não é legal, que não faz bem pra ninguém.

A energia está fluindo de novo por aqui. Talvez seja para acompanhar todas as nossas mudanças.


OBS: a expressão utilizada no título era de uma empregada que tivemos, quando ela se referia às coisas que ela não queria mais. Daí ela "dava embora" tudo aquilo.

Nenhum comentário: