quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O porquê de escrever


Desde pequena sempre gostei ler e escrever.

Talvez tenha herdado isso de algum parente, talvez isso tenha nascido comigo.

Lembro do meu avô materno, o "Vô Mello", lendo o Estadão - ainda em branco e preto - sentado na poltrona da sala, todo compenetrado.

Aquilo me fascinava.

Paralelamente fui sendo introduzida no mundo das letras por meio de histórias e contos que a minha avó materna, "Vó Nora", me contava.

Cresci gostando disso.

Lembro dos livros que lia na escola, sempre muito antes da professora pedir.

Aliás, era muito engraçado porque, quando a lista de materiais chegava, a primeira coisa que eu ia ver eram quais seriam os livros daquele ano. E lia todos, de uma só vez.

Quando cheguei na fase de ginásio passei a ter (como todo mundo) a matéria 'literatura', com a sorte de contar com uma professora apaixonada pelo tema e muito incentivadora.

Foi ela quem me apresentou Clarice.

Ganhei um livro chamado "Laços de Família" e logos depois, "A hora da estrela".

Posso dizer que isso foi um divisor de águas.

Aquelas palavras, aquelas histórias desabrocharam algo dentro de mim e, tal como uma enchente, trouxeram à tona coisas que nem mesmo eu sabia que guardava.

O amor aos livros e à escrita foram algumas delas.

Passei a escrever poeminhas, historinhas, coisas simples, dignas de adolescente, mas que, embalada por Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira (entre outros), faziam muito sentido para mim.

Nessa fase cheguei até a participar de um concurso de poesias, ficando com o honrado 3º lugar.

Veio o colegial e, nessa altura eu já dava aulas para crianças, certa de que o magistério seria minha profissão.

Ledo engano...

Outra professora entrou no meu caminho e me fez perceber que escrever/comunicar não era somente um dom, mas podia ser uma profissão.

Daí fui fazer jornalismo.

E cá estou eu, exercitando o que a profissão certamente exige, porém, com muito mais sensibilidade.

Por isso criei esse espaço: para extravasar tudo o que sinto. E diante de algumas pausas dessa vida, desistir ou mudar o caminho não era a melhor opção. Afinal, "o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo."

Porque, sinceramente, tem muita coisa que não cabe em mim.

Esse é o porquê de escrever.

E, para homenagear aquela que serviu de start para esse caminho tão seguro, deixo aqui algumas de suas frases/passagens marcantes sobre o ato de escrever.

Obrigada, Clarice!!

Com respeito,

Andréa


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"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. "


"Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."


"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro... "


"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando... "


"Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."

Um comentário:

Rafael Cury disse...

Tem uma frase que eu adoro sobre ler. É do Rubem Alves. Mas serve também para o ato de escrever, por isso adapto agora: "Escrever é fazer amor com as palavras." Grande beijo, obrigado pelas palavras tão carinhosas em meu blog.