Desde pequena sempre gostei ler e escrever.
Talvez tenha herdado isso de algum parente, talvez isso tenha nascido comigo.
Lembro do meu avô materno, o "Vô Mello", lendo o Estadão - ainda em branco e preto - sentado na poltrona da sala, todo compenetrado.
Aquilo me fascinava.
Paralelamente fui sendo introduzida no mundo das letras por meio de histórias e contos que a minha avó materna, "Vó Nora", me contava.
Cresci gostando disso.
Lembro dos livros que lia na escola, sempre muito antes da professora pedir.
Aliás, era muito engraçado porque, quando a lista de materiais chegava, a primeira coisa que eu ia ver eram quais seriam os livros daquele ano. E lia todos, de uma só vez.
Quando cheguei na fase de ginásio passei a ter (como todo mundo) a matéria 'literatura', com a sorte de contar com uma professora apaixonada pelo tema e muito incentivadora.
Foi ela quem me apresentou Clarice.
Ganhei um livro chamado "Laços de Família" e logos depois, "A hora da estrela".
Posso dizer que isso foi um divisor de águas.
Aquelas palavras, aquelas histórias desabrocharam algo dentro de mim e, tal como uma enchente, trouxeram à tona coisas que nem mesmo eu sabia que guardava.
O amor aos livros e à escrita foram algumas delas.
Passei a escrever poeminhas, historinhas, coisas simples, dignas de adolescente, mas que, embalada por Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira (entre outros), faziam muito sentido para mim.
Nessa fase cheguei até a participar de um concurso de poesias, ficando com o honrado 3º lugar.
Veio o colegial e, nessa altura eu já dava aulas para crianças, certa de que o magistério seria minha profissão.
Ledo engano...
Outra professora entrou no meu caminho e me fez perceber que escrever/comunicar não era somente um dom, mas podia ser uma profissão.
Daí fui fazer jornalismo.
E cá estou eu, exercitando o que a profissão certamente exige, porém, com muito mais sensibilidade.
Por isso criei esse espaço: para extravasar tudo o que sinto. E diante de algumas pausas dessa vida, desistir ou mudar o caminho não era a melhor opção. Afinal, "o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo."
Porque, sinceramente, tem muita coisa que não cabe em mim.
Esse é o porquê de escrever.
E, para homenagear aquela que serviu de start para esse caminho tão seguro, deixo aqui algumas de suas frases/passagens marcantes sobre o ato de escrever.
Obrigada, Clarice!!
Com respeito,
Andréa
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"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. "
"Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro... "
"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando... "
"Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."
Um comentário:
Tem uma frase que eu adoro sobre ler. É do Rubem Alves. Mas serve também para o ato de escrever, por isso adapto agora: "Escrever é fazer amor com as palavras." Grande beijo, obrigado pelas palavras tão carinhosas em meu blog.
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